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Berlusconi fica no poder mesmo se for condenado

(sv)14 de janeiro de 2002

Apesar da tensão entre o governo e o Judiciário, o primeiro-ministro italiano descarta a possibilidade de renúncia.

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Primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, acusado de corrupção e subornoFoto: AP

Segundo informou seu gabinete, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, não deve renunciar ao cargo mesmo se for condenado pela Justiça italiana nos processos em que é acusado de corrupção e suborno. "Enquanto não for proclamada uma sentença final, Berlusconi deve ser considerado inocente", afirmou o ministro europeu Rocco Buttiglione nesta segunda-feira (14) à emissora Radio Radicale.

O conflito envolvendo o governo de direita de Berlusconi e o Judiciário do país agravou-se no último fim de semana, quando o ministro do Interior, Claudio Scajola, anunciou uma ação contra o procurador-geral de Milão, Francesco Severio Borelli, alegando calúnia e difamação. Borelli, um dos principais mentores da operação Mãos Limpas, que sacudiu a política italiana nos anos 90, acusa o governo de Berlusconi de ter suspendido a escolta policial dos magistrados que investigam os processos nos quais o líder do governo está envolvido.

Protestos

- Em todo o país, juizes aproveitaram a cerimônia de abertura do ano para protestar contra as manobras políticas do Executivo. Ao invés da indumentária vermelha, usada em ocasiões festivas, os magistrados italianos vestiram togas pretas como forma de protesto e abandonaram os atos oficiais durante os discursos dos representantes do governo.

Berlusconi é acusado de ter, no final dos anos 80, subornado um juiz, responsável pela decisão final sobre a privatização da empresa de alimentos SME. O grupo de Berlusconi foi o vencedor da licitação decidida em última instância pelo Judiciário.

Império - O premiê italiano criou seu império a partir de empresas de construção civil. Já em 1966, com apenas 30 anos, o jovem empresário Berlusconi era responsável pela edificação de moradias para mais de quatro mil pessoas em Milão. Um aval do banco onde trabalhava seu pai foi o auxílio necessário para o financiamento do projeto.

Mais tarde, Berlusconi ampliou seus negócios com a ajuda do então primeiro-ministro do país, Bettino Craxi. No final dos anos 80 e início dos 90, fundou seu canal de TV privado, apoiado em premissas jurídicas duvidosas. Hoje seu império comercial inclui três canais de televisão, que abocanham metade da audiência em todo o país. Sua fortuna é avaliada em até 25 bilhões de euros.