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EsporteAustrália

Austrália cancela visto de tenista tcheca após caso Djokovic

7 de janeiro de 2022

Atleta tcheca entrou em solo australiano em dezembro, com mesmo tipo de isenção da vacina contra covid usado pelo número um do tênis. Governo do país desmente que sérvio esteja "em cativeiro", como acusou a família dele.

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Mulher segura cartaz com inscrição"Free Novax"
Fãs de Djokovic e membros da comunidade sérvia na Austrália se reuniram diante de hotel em MelbourneFoto: WILLIAM WEST/AFP/Getty Images

As autoridades australianas cancelaram o visto da tenista tcheca Renata Vorácová, que deverá retornar ao país de origem, em meio à polêmica sobre a decisão de revogar a autorização de entrada de seu colega sérvio Novac Djokovic. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (07/01) pela mídia australiana e confirmada pelo governo tcheco.

Uma fonte da autoridade de controle de fronteira confirmou a medida à rede de televisão ABC, apesar de a tenista já estar no país e ter disputado uma partida de preparação antes do Aberto da Austrália.

Vorácová foi transferida na quinta-feira para o mesmo hotel em Melbourne onde Djokovic está retido pelas autoridades de imigração. 

De acordo com a mídia, a tcheca de 38 anos entrou na Austrália em dezembro com uma isenção médica concedida pela Tennis Australia, organizadora do torneio Aberto da Austrália, já que ela teria se recuperado recentemente da covid-19.

Segundo a imprensa australiana, um comunicado da Tennis Australia confirmou que em dezembro a entidade informou todos os jogadores que eles poderiam se qualificar para uma exceção médica se tivessem tido covid-19 nos últimos seis meses.

No entanto, as autoridades australianas indicaram que este argumento não é válido para obter uma autorização especial para entrar no país, onde medidas duras foram aplicadas para conter a pandemia.

Diferentemente de Djokovic, determinado a disputar o Aberto da Austrália e que recorreu da decisão de cancelar seu visto, Vorácová planeja deixar o país, afirmou o Ministério do Exterior tcheco.

"Diante possibilidade limitadas para treinar, Renata Vorácová decidiu desistir do torneio e deixar a Austrália", diz um comunicado do ministério, que disse ter feito um protesto diplomático.

"Livre para deixar o país"

Djokovic chegou na noite de quarta-feira a Melbourne, também portando uma isenção médica que permitiria a ele defender seu título no Aberto da Austrália mesmo sem comprovar vacinação contra a covid-19.

Ele aguarda agora uma audiência marcada para esta segunda-feira por um tribunal de Melbourne, que vai decidir sobre a apelação judicial impetrada pelo tenista contra o cancelamento de seu visto.

Também nesta sexta, o governo da Austrália desmentiu que Djokovic esteja "preso" ou sendo "mantido em cativeiro" no hotel, como alegaram os pais do atleta.

A ministra do Interior australiana, Karen Andrews, disse que Djokovic é livre para deixar a Austrália na hora que quiser. "Djokovic não está sendo mantido em cativeiro na Austrália", disse Andrews à emissora nacional ABC. "Ele é livre para deixar [o país] a qualquer momento que decidir, e os agentes de fronteira vão na verdade facilitar isso."

Ela também disse que há uma investigação dos órgãos de imigração sobre outros tenistas e técnicos que tiveram permissão para entrar no país com isenção similar à usada pelo sérvio.

A vacinação contra a covid-19 é obrigatória para entrar na Austrália, com isenções temporárias para pessoas que têm uma condição médica séria ou tiveram uma reação adversa ao medicamento, entre outros motivos.

Acredita-se - embora isso não seja algo confirmado - que Djokovic tenha obtido uma isenção para jogar no Aberto da Austrália com base no fato de já ter contraído covid-19. Entretanto, as autoridades federais afirmaram que essa condição não habilita estrangeiros e entrarem no país, de acordo com as regras atualmente em vigor.

Cético da vacinação

A decisão inicial de permitir a entrada de Djokovic no país causou indignação em muitos na Austrália, que enfrenta o pior surto de infecções até agora e onde mais de 90% dos adultos estão vacinados. A vacina contra a covid-19 não é obrigatória para a população australiana, mas exigida para uma série de atividades.

O tenista, que é atualmente o número 1 do mundo, não revelou o motivo de sua isenção médica e se recusa a divulgar seu status de vacinação. Ele já criticou publicamente a vacinação obrigatória contra a covid-19 e desde o começo da pandemia tem se mostrado cético sobre os riscos da doença.

Em junho de 2020, ainda na primeira onda de covid-19 na Europa, o tenista ajudou a organizar um torneio exibição na Sérvia e na Croácia que provocou controvérsia por não incluir regras de distanciamento social ou uso obrigatório de máscaras. Ás vésperas de terminar, o evento foi suspenso por conta de um surto de casos de covid entre torcedores, treinadores e jogadores. Pouco depois, Djokovic e sua mulher também testaram positivo para o coronavírus.

Manifestações diante de hotel

A revogação do visto de Djokovic gerou tensões diplomáticas entre Austrália e Sérvia, cujo presidente denuncia o assédio ao atleta, enquanto o governo australiano defende que não deve haver exceções na aplicação das leis de fronteira.

Nesta sexta, dezenas de apoiadores de Djokovic desafiaram a chuva e se reuniram, acenando bandeiras e estandartes, em frente ao Park Hotel, para dar apoio ao tenista sérvio. O local, localizado no centro de Melbourne, abriga 32 refugiados e solicitantes de refúgio.

Mas nem todos os manifestantes eram fãs de Djokovic. "Refugiados são bem-vindos, Djokovic não é", gritava um grupo, até que a polícia interveio para separá-lo dos seguidores da estrela sérvia.

Eles se misturavam também com militantes antivacina e defensores dos direitos humanos que estão no lugar para chamar a atenção para situação de outras pessoas detidas há mais tempo, muitos que há muito reclamam sobre suas condições de vida e exposição ao coronavírus durante a pandemia.

md/lf (EFE, AFP, AP, Reuters)