Attac alerta: tensão é grande na Cúpula das Américas
4 de novembro de 2005Para a coordenadora da Attac na Alemanha, Kerstin Sack, a presença do presidente norte-americano, George W. Bush, durante o encontro que começa nesta sexta-feira (4/11), é vista como "uma provocação aos integrantes das organizações sociais" presentes em Mar del Plata, na Argentina.
Sack afirmou à DW-WORLD que a organização acredita que os EUA devam pressionar os demais países das Américas a aceitar em definitivo a implantação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
Cúpula Paralela
Sack vê na chamada "Cúpula Paralela" – organizada por organizações não-governamentais em resposta ao encontro oficial de chefes de governo – uma oportunidade de buscar alternativas à política do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo ela, não se deve esquecer que as organizações financeiras internacionais têm interesse na privatização de diversos setores na América Latina, principalmente dos mananciais hídricos.
Questão da água
"Uma alternativa a esta estratégia é o exemplo da Venezuela, cujo presidente (Hugo Chavez) estatizou o sistema de abastecimento de água, anteriormente privatizado, e criou núcleos de gestão participativa dos mananciais. Isto serve de exemplo inclusive para os países europeus, onde grandes empresas também têm interesse na privatização da água.", acrescenta Sack.
Segundo a ativista alemã, a Attac acredita que o presidente George W. Bush deve aproveitar a Cúpula das Américas para promover o isolamento político do presidente venezuelano Hugo Chavez.
Sack acredita que Bush deve defender o empenho dos países na luta contra o terrorismo na América Latina, o que, segundo ela, implicaria esforços contra, por exemplo, as guerrilhas colombianas. "Os Estados Unidos afirmam que Chavez apóia o movimento de guerrilha colombiano. Com base nesta afirmação, podem exercer pressão visando o isolamento do presidente Chavez", conclui a ativista.
Pouca repercussão na Europa
A coordenadora da Attac na Alemanha acredita que a repercussão da Cúpula das Américas será muito pequena na Europa. "A cobertura dos meios de comunicação sobre o evento é quase inexistente. Esta postura é mais um obstáculo que enfrentamos na luta contra o neoliberalismo", finaliza a ativista.