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Ataque russo faz pelo menos 20 mortos no centro da Ucrânia

14 de julho de 2022

Bebê entre mortos, no que o presidente ucraniano Volodimir Zelenski classificou como "ato de terrorismo explícito", que deixou também dezenas de feridos.

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Destruição e escombros, carros queimados e destroços de veículos e prédios após ataque russo na Ucrânia.
Segundo o governo ucraniano, ataque de Vinnytsia ocorreu por volta de 10h50Foto: State Emergency Service of Ukraine/REUTERS

Mísseis das tropas russas deixaram pelo menos 20 mortos na cidade de Vinnytsia, na região central da Ucrânia, além de um mínimo de 50 feridos, segundo informações divulgadas pela Guarda Nacional Ucraniana nesta quinta-feira (14/07). Entre as vítimas estaria um bebê.

Os projéteis atingiram um edifício de escritórios de nove andares e um estacionamento, destruindo partes de uma área residencial próxima e um centro médico. A polícia informou que cerca de 90 cidadãos procuraram atendimento médico devido às explosões, estando 50 em estado grave. O ataque ocorreu por volta das 10h50 (4h50 em Brasília).

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, classificou o episódio como um "ato de terrorismo explícito". "Todos os dias, a Rússia mata civis, mata crianças ucranianas, executa ataques com mísseis contra instalações civis onde não há alvos militares. O que é isso, se não um ato aberto de terrorismo?", escreveu numa rede social.

Até o momento, a Rússia não comentou o episódio. Vídeos mostram fumaça preta e densa saindo do edifício, com sirenes soando e socorristas em ação. Fotografias publicadas por integrantes das equipes de resgate exibem também o que sobrou de veículos nas ruas, além de escombros e um carrinho de bebê abandonado.

"Infelizmente, há poucas chances de se encontrar alguém com vida", relatou um funcionário do serviço de emergência à televisão ucraniana. Localizada no centro do país, Vinnytsia fica a cerca de 200 quilômetros a sudoeste da capital Kiev e distante das regiões onde no momento ocorrem as principais batalhas, no sul e no leste do país.

Haia investiga crimes de guerra

A Rússia se manifestou sobre outros ataques na Ucrânia nesta quinta-feira. O Ministério da Defesa divulgou que a força aérea russa derrubou dois caças ucranianos e destruiu diversos obuseiros M777, de fabricação americana, no leste do país.

Em seu anúncio diário, o ministério russo também registrou o ataque com mísseis Kalibr a uma fábrica na região sul de Zaporíjia, destruindo veículos de combate ucranianos.

A notícia de novas áreas e infraestruturas civis atingidas por bombardeios russos foi divulgada horas antes de Zelenski e seu ministro do Exterior, Dmytro Kuleba, participarem via videoconferência de uma reunião com promotores do Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia, Holanda .

O presidente ucraniano anunciou que pedirá a responsabilização de Moscou e a criação de um tribunal especial para julgar crimes de guerra cometidos pelo exército russo na Ucrânia. Em abril, o promotor do caso, Karim Khan, visitou a cidade de Bucha, nos arredores de Kiev, onde centenas de corpos de civis foram encontrados em valas comuns, baleados e com as mãos atadas.

Grupo de homens diante de sacos de plástico negro no chão, aparentemente contendo cadáveres
Promotor Karim Khan visitou em abril a cidade ucraniana de Bucha, onde centenas de corpos foram encontrados em valas comunsFoto: Fadel Senna/AFP

Batalhas no sul e no leste

A invasão russa da Ucrânia começou oficialmente em 24 de fevereiro. Desde então, a guerra tomou rumos diferentes. Sem sucesso na região de Kiev, o exército russo deslocou a maior parte de suas tropas para o leste e o sul ucranianos.

Nesta quinta-feira, o gabinete presidencial da Ucrânia divulgou que um "ataque de mísseis em massa" atingiu a cidade de Mykolaiv, no sul do país, próxima ao Mar Negro: "Duas escolas, infraestrutura de transporte e um hotel foram danificados", informou o governo, divulgando imagens de prédios destruídos e escombros.

Na região de Kherson, também no sul, o exército ucraniano investe em contra-ataques para tentar retomar a cidade dos russos, embora residentes relatem "aumento de equipamentos e soldados russos".

No leste, as maiores batalhas estão ocorrendo na região do Donbass, entre Donetsk e Lugansk, províncias onde o exército ucraniano luta contra separatistas russos desde 2014, ano em que a Rússia invadiu e anexou a Crimeia, no sul.

Moscou anunciou que está se aproximando do próximo alvo na região: Siversk, com pouco mais de 11 mil habitantes, "está sob nosso controle operacional, o que significa que o inimigo pode ser atingido em toda a área", afirmou um separatista, citado pela agência de notícias estatal russa TASS.

Novas negociações para liberar grãos

Em meio às batalhas, realizou-se na Turquia uma nova rodada de negociações. Ucranianos e russos buscam um acordo para liberar navios carregados de cereais bloqueados por tropas russas nos portos do Mar Negro. A reunião durou três horas, e um novo encontro está previsto para a próxima semana, também em Istambul.

O conflito na Ucrânia tem provocado drástico aumento dos preços dos alimentos, além de encarecer a energia na Europa.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, declarou nesta quinta-feira que a guerra representa o "maior desafio" para a economia global, que deverá ocupar o topo da pauta do próximo encontro do G20, em novembro, na Indonésia.

gb/av (AFP, Reuters)