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Apostando no Iraque

sl/av20 de janeiro de 2004

Está aberta a temporada de caça aos bons negócios no Iraque. Durante uma semana, firmas ocidentais estarão negociando sua participação na reconstrução do país. A Alemanha está no páreo, apesar de todos os obstáculos.

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Marinha dos EUA constrói ponte sobre o Rio TigreFoto: AP

O Iraque está no fundo do poço. Firmas de todo o mundo querem ajudá-lo a levantar-se. E, acima de tudo, fazer bons negócios, claro. Assim, mais de 1100 expositores de 45 países se encontram no Kuweit de 19 a 23 de janeiro na feira Rebuild Iraq.

"O Kuweit está superlotado", afirmou à DW-WORLD Nicole Endewardt do grupo Messe Köln, que organizou a participação alemã no evento. Houve 55 inscrições oficiais. Na realidade, a demanda foi muito maior. A feira, porém, já estava com sua capacidade esgotada há dois meses.

Naturalmente, cerca de 90% dos participantes vêm do setor da construção, já que a infra-estrutura demolida é prioridade absoluta. Sem estradas transitáveis, aeroportos, abastecimento de água e luz, sistemas de telecomunicações e finanças, falta uma base para qualquer atividade econômica. Os organizadores da Rebuild Iraq calculam em 20 bilhões de dólares os custos para o restabelecimento da rede local de eletricidade.

Opositores da guerra também têm vez

Já não é mais tão firme a decisão dos Estados Unidos de excluir da reconstrução as firmas de países que se opuseram à guerra contra o Iraque. Há muito, as forças de ocupação foram obrigadas a reconhecer que não conseguirão realizar sozinhas essa tarefa gigantesca. Assim, há poucos dias chegaram notícias de Washington, ainda sem confirmação oficial, de que os adversários da guerra também podem ter esperanças de fechar contratos.

Seja como for, a maior parte das empresas em questão não se deixara impressionar pelas ameaças dos EUA. Como afirmou Ulrich Rottler, que representa no Kuweit a importante firma bávara Peri, fabricante de andaimes e revestimentos: "Afinal, o que conta é o know how, e isto nós temos".

Por sua vez, a Siemens está negociando um contrato como fornecedora para o grupo norte-americano Bechtel, encarregado da construção de duas usinas de eletricidade. Além disso, o conglomerado alemão participa da licitação para construir uma usina convencional em Kirkuk, no norte do Iraque.

Tradição de bons negócios

Ao que tudo indica, o know how germânico é altamente valorizado na região, e a demanda é real. Numerosos tipos de máquinas e instalações provêm da Alemanha, que além disso goza de uma tradição de boas relações com o Iraque. Seu apogeu foi na década de 80, quando as exportações para aquele país do Oriente Médio chegaram a quase quatro bilhões de euros.

Após a guerra do Golfo Pérsico, em 1991, o embargo pôs fim a essa era de prosperidade nas relações comerciais. Como pouco restou desses bons contatos, a atual feira é a plataforma ideal para renová-los. Além de grandes nomes como Siemens, Bosch, ThyssenKrupp, Knauf e Schering, constam da lista diversas empresas de médio porte.

Arriscando a pele

Para estas, fazer negócios no Iraque e na região é especialmente arriscado. Em entrevista à DW-WORLD, Ines Ratajczak, especialista em comércio exterior da Câmara de Indústria e Comércio de Bielefeld, especificou: "O Iraque não é assunto para principiantes: a segurança é péssima, não há estruturas políticas oficiais e o fechamento de contratos exige muito tempo".

De todos, o maior problema é certamente a segurança, pois ninguém ainda se aventura realmente a enviar funcionários para aquele país em ebulição. Apesar de tudo, o interesse é enorme. Ratajczak calcula em torno de três mil o número de empresas alemãs interessadas em fazer negócios na terra que já foi de Saddam Hussein.