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Anvisa manda suspender vacina da AstraZeneca para grávidas

11 de maio de 2021

Agência recomenda que seja seguida a bula do imunizante contra covid-19, que não indica o uso em gestantes. Ministério da Saúde investiga morte de grávida no Rio após vacinação, diz jornal.

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Barriga de grávida de perfil
Do início da pandemia até o fim de abril deste ano, o Brasil registrou 979 mortes de grávidas ou puérperas com covid-19Foto: Andreas Gebert/picture alliance

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou nesta segunda-feira (10/05) a suspensão imediata do uso da vacina contra covid-19 da AstraZeneca em gestantes.

A vacina foi desenvolvida pela farmacêutica anglo-sueca em parceria com a Universidade de Oxford e, no Brasil, ela é produzida pela Fiocruz. Em alguns estados brasileiros, o imunizante vinha sendo usado em grávidas com comorbidades.

A partir de agora, a orientação da Anvisa é que seja seguida pelo Programa Nacional de Imunização (PMI) a bula da vacina, que não indica a aplicação em gestantes. A agência afirmou, sem citar casos específicos, que a decisão é resultado do monitoramento constante de eventos adversos das vacinas contra covid-19 no país.

A Anvisa também destacou que a bula da vacina da AstraZeneca não recomenda o uso da vacina sem orientação médica. "O uso ‘off label' de vacinas, ou seja, em situações não previstas na bula, só deve ser feito mediante avaliação individual por um profissional de saúde que considere os riscos e benefícios da vacina para a paciente", diz nota técnica emitida pela agência.

Com a recomendação da Anvisa, agora apenas as vacinas Coronavac e da Pfizer-Biontech podem ser aplicadas em grávidas no Brasil.

A recomendação da Anvisa impactou a vacinação de gestantes em vários estados. São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Mato Grosso do Sul chegaram a suspender totalmente a imunização de grávidas. Tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro, a suspensão foi causada devido à escassez de doses da Coronavac, cujas doses disponíveis estão sendo usadas para a aplicar o reforço, e da vacina Pfizer-Biontech.

Morte de gestante investigada

Em nota enviada à coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, o Ministério da Saúde disse estar investigando a morte de uma grávida no Rio de Janeiro após vacinação com o imunizante da AstraZeneca. Um segundo caso teria ocorrido na Bahia, mas esse não estaria sendo investigado.

"Cabe ressaltar que a ocorrência de eventos adversos é extremamente rara e inferior ao risco apresentado pela covid-19. Neste momento, a pasta recomenda a manutenção da vacinação de gestantes, mas reavalia a imunização no grupo de gestantes sem comorbidades", disse o ministério.

O Ministério da Saúde havia emitido no final de abril uma nota técnica orientando que todas as grávidas e puérperas (mulheres no período pós-parto) fossem colocadas no grupo prioritário para receber a vacina contra a covid-19. Em 15 de março, o governo já tinha incluído as gestantes com comorbidades. No estado de São Paulo, a vacinação de gestantes com comorbidades deve ter início nesta terça-feira.

Do início da pandemia, em março de 2020, até o fim de abril deste ano, o Brasil registrou 979 mortes de grávidas ou puérperas que haviam sido diagnosticadas com covid-19, segundo dados do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe) divulgados pelo Ministério da Saúde.

Vacinação pelo mundo e risco de coágulos

Governos de vários países, como Estados Unidos, Reino Unido, Israel e Bélgica, já se manifestaram a favor da vacinação de gestantes e até de forma prioritária. Na Alemanha, entretanto, a Comissão Permanente de Vacinação (Stiko, na sigla em alemão) ainda não emitiu uma recomendação sobre vacinação para grávidas e puérperas.

No início de abril, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou que existe uma possível ligação entre o uso da vacina da AstraZeneca/Oxford e a formação de coágulos sanguíneos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que essa ligação é plausível, mas não foi confirmada.

A EMA apontou que a maioria dos casos relatados ocorreu em mulheres com menos de 60 anos no período de até duas semanas após a vacinação. A agência europeia ressaltou, porém, que esses casos são muito raros, e que os benefícios oferecidos pela vacina superam em muito os riscos de efeitos colaterais.

lf/ek (ots)