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Repercussão

DW Agências (sv)3 de março de 2008

Analistas do Conselho da Europa apontam irregularidades que levaram à vitória de Medvedev na Rússia. Governos europeus cumprimentam novo presidente, mas criticam forma como o pleito foi conduzido.

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Medvedev, o sucessor de Putin, após vitória nas urnasFoto: AP

Na opinião de Andreas Gross, coordenador do grupo de analistas do Conselho da Europa enviados à Rússia, o pleito que elegeu no país o candidato Dimitri Medvedev não "esgotou o potencial democrático dos eleitores". Com mais de 70% dos votos, Medvedev, visto como favorito antes das eleições e candidato do Kremlin, eliminou qualquer chance de vitória de seus opositores.

Para os analistas do Conselho da Europa, o pleito apresentou as mesmas deficiências que as eleições parlamentares ocorridas em dezembro último no país. Uma das razões do desequilíbrio entre as chances dos candidatos é o acesso à mídia, concedido muito mais a Medvedev que a seus adversários, acreditam os observadores estrangeiros.

Referendo e não eleição

Russland Wahlen Matroschka Dmitri Medwedew und Wladimir Putin
Medvedev e Putin: duas faces de uma mesma moeda?Foto: AP

Segundo Gross, não se pode negar, porém, que os resultados da eleição correspondem à vontade popular. No entanto, observa ele, trata-se mais de um referendo do que de uma eleição. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) se negou a enviar, em sinal de protesto, observadores à Rússia por ocasião das eleições.

Críticas

Na Alemanha, o vice-ministro das Relações Exteriores, Gernot Erler, afirmou à emissora Deutschlandfunk ver na escolha de Medvedev uma "chance para a Europa", uma vez que o candidato se propõe a "modernizar a sociedade e a economia" do país.

Já o presidente da Comissão de Exterior do Parlamento alemão, Ruprecht Polenz, afirmou à emissora Deutschlandradio que a eleição russa tem pouco a ver com democracia. Polenz lembra que o próprio Medvedev defendeu, durante a campanha eleitoral, a liberdade de imprensa, uma Justiça independente, além de liberdade e respeito à sociedade civil. Segundo o político, é preciso observar se o candidato vai realmente cumprir o que prometeu.

Polenz alertou ainda para o fato de que o alto índice de comparecimento às urnas não deve ser interpretado como um apoio da população a Medvedev, uma vez que houve muita pressão e promessas de recompensa durante a campanha. "Dizer que a eleição foi democrática significaria ofender todos os democratas", concluiu o político.

Irregularidades

Angela Merkel und Wladimir Putin
Putin e Merkel: encontro a três dentro em breveFoto: AP

A chanceler federal Angela Merkel enviou os cumprimentos oficiais ao candidato eleito, sem, no entanto, lembrar as irregularidades do pleito, afirmou Thomas Steg, porta-voz do governo.

"Sem dúvida alguma, houve, durante a campanha eleitoral, situações nas quais ficou claro que as regras democráticas não foram sempre respeitadas", afirmou Steg em Berlim. Segundo ele, Merkel pretende reunir-se com Vladimir Putin e Medvedev "o mais breve possível".

Apesar das recentes desavenças entre Londres e Moscou, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, enviou também seus cumprimentos a Medvedev, lembrando, porém, que irá formar sua opinião sobre a nova administração do país através dos atos do futuro governante.

Novas palavras

Frankreich Neues Kabinett Bernard Kouchner
Bernard Kouchner, ministro francês do ExteriorFoto: AP

Já o governo francês foi menos diplomático. O ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, declarou após a vitória de Medvedev que o resultado do pleito "já era conhecido previamente" e lembrou as irregularidades que pairaram sobre o processo eleitoral no país. "A eleição foi conduzida ao estilo russo, com uma vitória garantida com antecedência", disse Kouchner a uma emissora de rádio na França.

O ministro francês salientou ainda que a União Européia terá que encontrar "novas palavras" para se comunicar com Moscou sob o governo de Medvedev e apontou a questão energética como um ponto primordial nas relações entre o bloco de países e a Rússia.