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Críticas a fórum mundial

23 de março de 2009

Ativistas do meio ambiente criticam as conclusões da conferência realizada em Istambul e apelam a governos por maior empenho em assegurar abastecimento de água potável.

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Água potável, um bem a que muitos não têm acessoFoto: picture-alliance/ dpa

Os ambientalistas criticam que a declaração final do Fórum Mundial da Água, encerrado neste domingo (22/02) em Istambul, possui caráter facultativo e não poderá prevenir uma iminente crise de abastecimento de água.

Embora as delegações participantes do encontro tenham prometido maiores esforços para a proteção da água, como já ocorrera três anos atrás no México, não houve consenso quanto à classificação da água como um direito humano.

"A declaração oficial de encerramento do Fórum Mundial da Água é, em grande parte, uma coletânea de lugares-comuns descomprometidos e não o plano de ação urgentemente necessário", disse Martin Geiger, especialista do WWF na Alemanha. "Precisamos de medidas concretas e metas ambiciosas para evitar uma crise global de água, e não de promessas vazias", salientou.

A União Internacional para a Conservação da Natureza exigiu que os ministros se concentrem na proteção do meio ambiente em vez de se dedicarem apenas a soluções tecnológicas.

Convenção da ONU sobre recursos transfronteiriços

Logo Fünftes Weltwasserforum in Istanbul
Conferência reuniu especialistas de 100 países

Para a seção alemã do WWF, um dos aspectos positivos da conferência foi o fato de algumas nações estarem reconhecendo a importância da ratificação definitiva da Convenção da ONU para uma gestão dos recursos hídricos além das fronteiras nacionais.

Geiger espera que não demorem as 19 assinaturas que ainda faltam para que passe a vigorar a Convenção das Nações Unidas sobre os cursos de água transfronteiriça. Esse acordo serve de base para a gestão das reservas de água doce que ultrapassem fronteiras nacionais.

Atualmente, mais de um bilhão de pessoas não têm acesso a água potável, advertem os organizadores do encontro. Segundo projeções da Unesco, em 2075, entre 3 e 7 bilhões de seres humanos estarão vivendo em regiões onde a falta de água é crônica.

O acesso à água potável, os direitos sobre a água e o emprego de tecnologias modernas foram os assuntos debatidos na última semana por 20 mil especialistas de mais de 100 países em Istambul. A construção de barragens foi um dos temas mais polêmicos.

Críticas à influência da indústria

"Água é dinheiro", resumiu Udo Gattenlöhner, diretor da organização ambientalista Global Nature Fund, ao fazer um balanço do fórum. "É claro que aqui todos qualificam seus projetos de sustentáveis", disse ele, mostrando-se perplexo com uma sugestão apresentada: ampliar a área de plantio de cana-de-açúcar na região do Pantanal brasileiro para a produção de biocombustível.

Muitos ecologistas criticaram a influência da indústria sobre a conferência. O evento foi organizado pelo Conselho Mundial da Água, que conta com a participação de grandes empresas internacionais, além de cientistas e organizações.

No documento final, os participantes da conferência confirmaram mudanças rápidas e incomuns no clima, o alastramento de desertos e o crescimento da população mundial. Eles se comprometeram a se empenhar mais para ampliar o acesso à água potável, manter os ecossistemas e melhorar a gestão dos recursos hídricos.

Água não é direito humano

BdT Indischer Farmer am Welt Wasser Tag
Água: só necessidade básica?Foto: AP

A declaração final do fórum se tornou sobretudo alvo de severas críticas por não mencionar a água potável como um direito humano.

A França e a Espanha, assim como países da África e América Latina haviam defendido em Istambul que a água não seja considerada apenas "necessidade básica", mas também um direito. Segundo participantes da conferência, a ideia sofreu resistência sobretudo por parte do Brasil, do Egito e dos Estados Unidos.

Para manifestar sua insatisfação, 20 países assinaram um documento próprio, em que reconhecem o acesso à água como um direito básico. Entre seus signatários estão Espanha, Suíça, Bangladesh e África do Sul.

RW/SM/dpa/AFP