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América Latina vive momento dramático, diz Banco Mundial

Paulo Chagas31 de outubro de 2001

Relatório aponta distorções e propõe uma nova arquitetura de comércio, baseada na abertura dos mercados dos países ricos.

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O Banco Mundial teceu um quadro sombrio da economia dos países em desenvolvimento no seu recente relatório. A situação é dramática, sobretudo na América Latina, Leste da Ásia e países africanos ao sul do Saara.

Os atentados terroristas de 11 de setembro tiveram um efeito fatal sobre a economia. Causarão a morte de mais 20.000 a 40.000 crianças e levarão mais 10 milhões de pessoas à absoluta pobreza.

Só haverá uma recuperação econômica a partir de meados do próximo ano. Tendo em vista a próxima rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Banco Mundial pede aos países ricos que removam suas barreiras comerciais e abram seus mercados aos produtos agrícolas dos países pobres.

Fraqueza mundial - “Os atentados terroristas puseram um freio nos motores da economia mundial, que já estavam dando sinais de fraqueza”, escreveu Richard Newfarmer, principal autor do relatório do Banco Mundial.

É a primeira vez, desde 1982, que a economia dos Estados Unidos, Europa e Japão recua ao mesmo tempo. Com isso, o comércio mundial irá crescer apenas 1% em 2001, depois de ter aumentado 13% no ano passado.

Os países em desenvolvimento, que vivem das divisas geradas pelas exportações, são os principais afetados. A América Latina e o Leste da Ásia sentiram imediatamente o baque da queda do consumo nos Estados Unidos.

A fraca conjuntura na Europa e a queda dos preços das matérias-primas pressionam ainda mais os países da América Latina, Europa Central e aos sul do Saara. Menos afetados com a crise são os países do Sul da Ásia, que não dependem tanto da economia mundial, e as nações produtoras de petróleo do Oriente Médio e África.

Nova arquitetura global de comércio - O relatório do Banco Mundial aponta claramente a disparidade: os países ricos gastam um milhão de dólares por dia em subsídios às suas respectivas agriculturas, soma seis vezes maior que toda a ajuda ao desenvolvimento concedida aos países pobres.

A solução, segundo o Banco Mundial, seria instituir uma “nova arquitetura global de comércio”: abolir completamente as barreiras comerciais para os países pobres e seus produtos e fomentar o comércio fora do âmbito da OMC. Os países ricos teriam de abrir seus mercados bilaterais, assim como os países em desenvolvimento deveriam promover mais trocas entre si.

É preciso, também, tomar amplas medidas nos setores da saúde, emprego e comunicações, fomentar a troca de conhecimentos sobre a agricultura e investir mais nas regiões afetadas pela fome.

Apesar do atual quadro negativo, o Banco Mundial estima que as perspectivas dos países pobres são favoráveis. O relatório aponta políticas econômicas mais eficazes, maior poupança, mercados mais abertos e uma maior variedade de produtos e serviços.

Ao concluir o relatório, o economista Nick Stern diz o seguinte: “Temos hoje a opção: ou continuamos seguindo o caminho da maior abertura, que desde cinco décadas tem proporcionado bem-estar e integração, ou criamos um abismo, colocando em jogo as conquistas do passado”.