Alemães querem filhos bem-educados
24 de março de 2006Ser bem educado, ter boas maneiras, ser moderado e correto são aspectos importantes para os alemães. Esses valores, antigamente tidos como secundários, precisam ser aprendidos em casa, segundo a maioria dos pais alemães. A constatação é resultado de uma enquete representativa feita com 2065 pessoas pelo instituto Allensbach para o Ministério da Família.
"Boa educação e bom comportamento" aparecem no topo da lista como o valor mais importante para 89% dos pais de até 44 anos. Há 15 anos, somente 68% dos pais entrevistados compartilhavam da mesma opinião. Naquela época, o valor "impor-se e não se deixar dominar" aparecia como o mais cotado, com 75%. "Economizar dinheiro" era algo que, em 1991, 44% consideravam importante – hoje o número subiu para 69%.
Os valores secundários parecem voltar ao topo da lista na Alemanha, ou pelo menos não são vistos mais como uma contrapartida aos primários, afirma o instituto de pesquisa de opinião pública e confirma que o valor "tolerância perante os que pensam diferente" foi estimado por 74% – em1991, por 62%.
Muitos pais inseguros ou indiferentes
No entanto, muitos pais ainda se mostram inseguros ou indiferentes no que diz respeito à intervenção nos valores morais e religiosos de seus filhos. Somente um quarto dos entrevistados acha que as crianças devem receber uma formação religiosa rigorosa em casa. "Abertura para religião e questões de crença" é considerado um importante objetivo de formação por 39% dos entrevistados. Pais de filhos pequenos, em especial as mães, julgam a formação religiosa importante. No Leste alemão, entretanto, 66% acreditam que "não faz diferença se a pessoa é educada dentro de um ambiente religioso".
A ministra da Família, a democrata-cristã Ursula von der Leyen, discorda: "As crianças devem ser educadas dentro da religião". "Assim como ensinamos a nosso filhos sua língua materna, devemos ensiná-los a religião", afirma Von der Leyen. A ministra pede ainda que os pais rezem com seus filhos. Segundo ela, esses rituais são um auxílio no dia-a-dia e ajudam a construir uma identidade forte.
"Em um mundo cada vez mais inseguro e difícil de se controlar, duas coisas que podem ser influenciadas pessoalmente são especialmente importantes: a família e a religião." Von der Leyen vê também uma conexão entre a religiosidade e a decisão por ter filhos: "A crença cristã torna mais fácil conceber a idéia de ter um filho".
As respostas à pergunta sobre as áreas em que os pais devem influenciar seus filhos mostram indiretamente que o comportamento para os pais é mais importante do que a questão dos valores. Ao lado das boas maneiras (96%), a maioria dos pais considera importante controlar o tempo que as crianças passam na frente da televisão (89%) ou a hora em que as crianças vão para a cama (87%). Mas somente 37% acreditam que deveriam influenciar a criança na hora que ela escolhe quais exemplos seguir. Somente 24% querem influenciar seus filhos no campo político ou religioso. A questão de que os pais sejam autoritários demais, tão debatida no passado, já não é atual. Apenas 10% dos alemães acham que as crianças são educadas muito severa ou autoritariamente.