Política Externa
10 de dezembro de 2006Após receber em Berlim, neste domingo (10/12), o presidente egípcio, Hosni Mubarak, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou que pretende impulsionar o processo de paz no Oriente Médio durante a presidência alemã do Conselho da UE, que se inicia em janeiro próximo.
Merkel afirmou que seu governo cogita uma participação mais intensa da Alemanha na formação de forças iraquianas fora do país. "Não excluo essa possibilidade, estamos pensando o que mais poderemos fazer", afirmou a chefe de governo, que criticou ainda abertamente a atuação da Síria frente ao Líbano.
O chamado Quarteto do Oriente Médio (UE, ONU, Rússia e EUA), segundo a premiê alemã, poderá ter suas atividades retomadas sob a presidência alemã da UE no próximo ano.
Divergências inevitáveis
O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, afirmou após seu retorno de uma visita aos EUA, que há tendências claramente positivas nos esforços do país em prol da paz entre palestinos e israelenses.
Durante uma conversa de quase cinco horas com a Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, Steinmeier teve, no entanto, que engolir alfinetadas sobre a insatisfação dos EUA a respeito de sua recente visita a Damasco.
"Não posso evitar que haja divergências nas formas de ver e avaliar a possibilidade de que países como a Síria e o Irã sejam envolvidos numa tentativa de estabelecer a paz no Oriente Médio. O importante é que haja uma troca de informações e que o parceiro, de todo jeito, esteja ciente em relação às nossas posições", afirmou o ministro.
Procurar o diálogo
Steinmeier recomenda que os países europeus esperem "as discussões que vão acontecer dentro do governo norte-americano nos próximos dias. Devemos procurar o diálogo, como este que aconteceu durante a visita a Washington, mas sabendo que as decisões finais serão tomadas, enfim, pelo governo norte-americano", resumiu o ministro.
Steinmeier credita que "o peso da Europa está sendo reconhecido outra vez" e que as diretrizes previstas por Washington podem apontar para um diálogo mais intenso entre a Europa e os EUA.
Comissão Baker: propostas polêmicas
Por outro lado, o governo norte-americano, ao contrário das expectativas do ministro, não se mostrou aberto às propstas da Comissão Baker, que exige mudanças substanciais na política do país em relação ao Iraque.
As sugestões foram também severamente criticadas pelo presidente iraquiano Jalal Talabani. Segundo ele, as propostas da comissão ferem a soberania do país e contêm "artigos perigosos".