Alemanha registra menor emissão anual de CO2 em 70 anos
4 de janeiro de 2024A Alemanha emitiu em 2023 a menor quantidade anual de CO2 dos últimos 70 anos. Segundo um estudo do think tank Agora Energiewende, o país emitiu 673 milhões de toneladas de gases de efeito estufa no ano passado – 73 milhões de toneladas a menos do que em 2022.
O documento indica que a maior economia da Europa está se esforçando para reduzir sua dependência do carvão, e afirma que as emissões são as mais baixas "desde a década de 50".
O que causou a queda no CO2?
O declínio nas emissões foi parcialmente impulsionado por um aumento na produção doméstica de energia renovável. No ano passado, pela primeira vez, a geração de eletricidade de fontes renováveis, como eólica e solar, representou mais de 50% do total.
Outro fator foi uma queda significativa na produção de eletricidade a carvão, que caiu para seus níveis mais baixos desde a década de 60. O think tank estimou que o corte no uso de carvão foi responsável por uma redução de 46 milhões de toneladas nas emissões de CO2.
A Alemanha pretende eliminar gradualmente o carvão até 2038, e o ministro da Economia, Robert Habeck, do Partido Verde, chegou a pressionar por uma saída antecipada já em 2030. Os estados do oeste do país estão de acordo com a data, mas o cinturão do carvão no leste mostra resistência.
A queda nas emissões também foi impactada por indústrias de uso intensivo de energia que reduziram a produção após o aumento do preço do gás, provocado pela substituição do gás encanado importado da Rússia por importações de gás liquefeito natural. As emissões industriais caíram em 20 milhões de toneladas.
"As consequências da crise de energia fóssil e da desaceleração da economia são evidentes nas emissões de CO2 dos setores de uso intensivo de energia", disse o diretor do Agora, Simon Müller, em comunicado.
O que isso significa para as metas climáticas da Alemanha?
Müller diz que a Alemanha está se aproximando de sua meta de produzir 80% de sua eletricidade a partir da energia eólica e solar até 2030. No entanto, a redução das emissões do setor no ano passado não reflete um "desenvolvimento sustentável", advertiu ele.
"A queda na produção relacionada à crise enfraquece a economia alemã. Se as emissões forem posteriormente transferidas para o exterior, então nada foi alcançado para o clima", disse.
O think tank estima que apenas 15% da redução de 2023 conta como "economia permanente de emissões".
Para atingir suas metas climáticas, a Alemanha precisa de uma "enxurrada de investimentos" para modernizar a indústria e reduzir a pegada de carbono do aquecimento, completa Müller.
A expansão da produção de energia renovável é vista como uma maneira fundamental de se afastar dos combustíveis fósseis, que produzem emissões de gases de efeito estufa que impulsionam o aquecimento global.
lr/bl (AFP, Reuters)