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Alemanha prevê para 2024 um segundo ano seguido de recessão

9 de outubro de 2024

Governo alemão revisa para baixo prognóstico e agora espera queda de 0,2% do PIB neste ano, após economia do país ter retraído 0,3% em 2023. "A recuperação está mais uma vez atrasada", admite ministro da Economia.

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Robert Habeck
O ministro da Economia, Robert Habeck, admitiu que "a economia alemã não tem crescido fortemente desde 2018" Foto: Andres Martinez Casares/EPA-EFE/Pool/REUTERS

O governo alemão revisou para baixo sua previsão para a atividade econômica do país em 2024 e agora prevê uma contração de 0,2% do PIB este ano e não mais um crescimento de 0,3%, como havia prognosticado anteriormente em abril, o que significaria dois anos de recessão, algo que só aconteceu em 2002 e 2003.

A previsão de apresentada nesta quarta-feira (09/10) pelo vice-chanceler federal e ministro da Economia, Robert Habeck, reconhece que "as condições econômicas não são nada satisfatórias".

A revisão do prognóstico não é surpresa, já que os principais institutos de pesquisa econômica do país também ajustaram recentemente para baixo suas previsões e agora estão prevendo uma contração de 0,1% no PIB este ano.

"A recuperação está mais uma vez atrasada", admitiu Habeck em uma coletiva de imprensa, na qual atribuiu o desenvolvimento negativo da economia alemã – no terceiro trimestre ela poderia entrar em uma recessão técnica – a fatores cíclicos e, acima de tudo, estruturais.

Assim, a terceira maior economia do mundo sofrerá uma segunda recessão seguida em 2024, após a recessão de 0,3% do ano passado

Considera-se que uma economia está em recessão durante um ano inteiro se o crescimento for negativo ao longo do ano.

As empresas alemãs continuam cautelosas devido à volatilidade econômica e geopolítica, e as famílias estão cada vez mais focadas em economizar sua renda em vez de investir na casa própria ou no consumo. Enquanto isso, o nível persistentemente alto das taxas de juros restringe os investimentos.

"A Alemanha teve apenas uma vez dois anos de recessão consecutivos. Isso foi em 2002 e 2003, durante a última crise estrutural", disse Martin Wansleben, chefe da Câmara Alemã de Indústria e Comércio (DIHK), em comunicado.

Cinco anos de estagnação

"Na verdade, a produção econômica está estagnada há cinco anos. Nosso PIB é apenas meio ponto percentual maior do que era antes da pandemia do coronavírus. O investimento nem sequer atingiu o nível de 2019. Nunca houve um período tão prolongado de fraqueza na economia alemã", lamentou.

Habeck admitiu que "a economia alemã não tem crescido fortemente desde 2018" e disse que, além dos riscos econômicos, os problemas estruturais da Alemanha repercutem agora, em meio a grandes desafios geoeconômicos.

"A Alemanha e a Europa estão espremidas entre a China e os EUA em meio a crises e precisam aprender a se impor", disse ele.

Para 2025, Habeck espera que o PIB aumente em 1,1%, um pouco mais do que a previsão anterior do governo de 1% para 2025, feita no início deste ano.

Habeck disse que continua otimista de que a maior economia da Europa encontrará uma maneira de sair de seus problemas atuais no próximo ano. "A Alemanha é um país cheio de pontos fortes", disse.

O governo espera que o consumo privado volte a se recuperar no próximo ano e que mais produtos industriais sejam comprados do exterior, o que poderia impulsionar o sentimento entre as empresas alemãs.

Pacote de estímulo

Enquanto isso, Berlim propôs um pacote de estímulo que inclui incentivos fiscais, incentivos ao emprego e subsídios à eletricidade, para tentar reaquecer a economia.

Se essas medidas forem "totalmente implementadas, a economia crescerá mais forte, e mais pessoas encontrarão emprego novamente", disse Habeck.

Há preocupações em Berlim de que os estados federais possam bloquear algumas das medidas, que ainda precisam ser aprovadas pelo Parlamento, incluindo a câmara alta, que consiste nos líderes dos 16 estados do país.

As propostas também não são consideradas suficientes pelas entidades empresariais, que pedem reformas fundamentais e reclamam dos altos preços da energia em comparação internacional, do excesso de burocracia e da falta de mão de obra qualificada.

md (EFE, DPA)