Abate de visons coloca Copenhague em situação delicada
10 de novembro de 2020O governo da Dinamarca apresentou nesta terça-feira (10/11) um projeto de lei para permitir o abate de mais de 15 milhões de visons criados no país devido a uma mutação do coronavírus que infectou várias pessoas. O governo admitiu que não havia uma base legal para o sacrifício dos animais anunciados na semana passada.
O abate dos visons, usados em casacos de pele, visa conter a propagação da mutação do vírus, embora ainda não haja evidências de que essa cepa seja mais perigosa do que o coronavírus que circula no mundo. Há, no entanto, uma preocupação de que a mutação coloque em risco à eficácia das vacinas que estão sendo desenvolvidas atualmente.
O sacrifício dos visons foi iniciado na semana passada e colocou o governo numa situação delicada, pois a medida não tinha nenhuma base legal que permitisse o abate de animais saudáveis.
Diante desta lacuna, da falta de um plano para compensar criadores e de críticas da oposição, o governo apresentou ao Parlamento um projeto de lei para permitir o abate e a primeira-ministra Mette Frederiksen pediu desculpas à população e parlamentares.
"Lamento o curso dos eventos. Embora as coisas tenham ocorrido rápido, não é preciso dizer que é completamente claro que uma nova legislação é necessária para isso", disse Frederiksen. A premiê admitiu que seu governo tomou conhecimento da lacuna legal durante o fim de semana e afirmou que está disposta a prestar esclarecimentos uma investigação parlamentar.
Além de permitir o abate de animais saudáveis, a proposta de lei prevê a proibição da criação de visons no país para a indústria de peles a partir de dezembro de 2021. Atualmente, a Dinamarca é o maior produtor global de visons, sendo responsável por 40% da produção global. A maior parte das exportações vai para China e Hong Kong.
Adotando uma abordagem para garantir a segurança, o governo dinamarquês anunciou na semana passada que até 17 milhões de visons criados em 1.139 fazendas no norte do país seriam sacrificados. Até o momento, cerca de 2,5 milhões de animais já foram abatidos.
Para tentar conter o avanço da mutação, o governo da Dinamarca anunciou ainda um lockdown de quatro semanas que afeta os cerca de 280 mil habitantes da região da Jutlândia do Norte.
A Dinamarca não é o primeiro país a tomar essa medida drástica. A Holanda e a Espanha também já abateram milhares de visons por preocupações semelhantes. Em agosto, a Holanda, depois de abater dezenas de milhares de animais, resolveu banir por completo a criação para a indústria de peles, após o registo de vários focos de infecção em criadouros.
CN/ap/dpa/rtr