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A primeira crise do governo Macron

20 de julho de 2017

General François Lecointre assume comando das Forças Armadas francesas após renúncia de Pierre de Villiers, que deixou cargo criticando o presidente devido a corte orçamentário.

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Emmanuel Macron e general Pierre de Villiers
Macron foi criticado publicamente por De VilliersFoto: Reuters/S. Mahe

O governo da França anunciou nesta quarta-feira (19/07) a nomeação do general François Lecointre como novo chefe do Estado Maior do Exército, apenas três horas após o anúncio da renúncia de seu antecessor, Pierre de Villiers, por divergências com o presidente Emmanuel Macron devido a cortes orçamentários.

A renúncia inédita de um chefe de Estado Maior gerou a primeira crise do governo Macron. Em entrevista à emissora France 2, o presidente afirmou que defender o orçamento militar "não é papel do chefe do Estado Maior, mas do ministro da Defesa". Ao Journal du Dimanche disse que, "se o chefe do Estado Maior e o presidente divergem, o chefe do Estado Maior deve sair".

De Villiers afirmara que, com os cortes, não era mais possível manter o modelo de Forças Armadas que ele julgava necessário para garantir a proteção da França e dos franceses.

General François Lecointre
Lecointre, de 55 anos, participou de várias missões no exterior, como no Ruanda.Foto: Picture alliance/AP Images/V. Mayo

Lecointre, de 55 anos, era até então chefe do gabinete militar do primeiro-ministro, o liberal Edouard Philippe – antes ele ocupara o mesmo cargo com os socialistas Bernard Cazeneuve e Manuel Valls – e participou de várias missões no exterior, como no Ruanda.

O governo destacou a experiência de Lecointre em funções de direção e combate e afirmou que ele "é um herói reconhecido pelo Exército", em particular pela missão que efetuou na Bósnia em 1995.

Em relação a De Villiers, o governo francês afirmou que Macron lhe "prestou homenagem por sua folha de serviços" e por seu papel à frente do Exército nos últimos três anos, mas que também se equivoca ao criticar a redução no orçamento militar.

Com a troca, o governo francês espera encerrar a crise desencadeada durante a última semana entre De Villiers e Macron devido ao corte no orçamento do Ministério da Defesa de 850 milhões de euros neste ano, dentro dos ajustes para cumprir com o objetivo de um deficit orçamentário abaixo de 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

O agora ex-chefe do Estado Maior se queixou no último dia 12 de julho, com palavras duras, dessa diminuição dos fundos perante a Comissão de Defesa da Assembleia Nacional, que acontecia a portas fechadas. A sua declaração foi vazada e, no dia seguinte, Macron lembrou publicamente que ele é o presidente e que cumprirá seu compromisso de aumentar o orçamento de Defesa nos próximos anos, até 2% do PIB no horizonte de 2025, com um passo significativo nessa direção já em 2018.

Macron também garantiu que os cortes não afetarão as missões no exterior nem a presença militar dentro do país, que está em estado de emergência desde os atentados terroristas de janeiro de 2015 em Paris e arredores.

AS/efe/afp