29 de maio de 1993
Nos primeiros anos da década de 1990, verificou-se na Alemanha reunificada uma escalada da violência racista. Estrangeiros eram agredidos e mortos em plena rua, casas e abrigos para refugiados, incendiados. Em alguns casos, os atos contaram não só com a conivência como também com o aplauso do público.
Em 1992, o número oficial de vítimas da violência de extrema direita foi 17. No ano seguinte, foram nove. Os responsáveis pelas agressões eram, em geral, rapazes com menos de 20 anos de idade. As vítimas, sempre estrangeiros.
No caso de Solingen, tradicional centro da cutelaria, quatro alemães, de 16, 17, 20 e 23 anos, naturais daquela cidade, atearam fogo à casa da família turca Genc, causando a morte de cinco mulheres: Gürsün Ince (27 anos), Hatice Genc (18), Gülüstan Öztürk (12), Hülya Genc (9) e Saime Genc (4). No dia 13 de outubro de 1995, os réus foram condenados a penas entre 10 e 15 anos de prisão.
Grande número de estrangeiros
Já o grande número de minimercados, agências de viagem e bares turcos da pacata cidade de Solingen dá uma noção do contingente de estrangeiros entre a população. Dos 164 mil habitantes da cidade em 2003, 13,8% não eram alemães. Como no resto do país, o maior grupo de estrangeiros é composto por turcos. Muitos já na terceira geração, netos dos primeiros gastarbeiter, os trabalhadores convidados no exterior para ajudar a reerguer a Alemanha Ocidental no pós-guerra.
A catástrofe na casa da família Genc, na noite de 29 para 30 de maio de 1993, marcou a cidade. O incêndio consumiu o prédio rapidamente, não dando chances às cinco vítimas. Desde cedo, já se presumia que o fogo não podia ter começado sob circunstâncias normais. As investigações logo identificaram os autores, condenados pelo Tribunal Estadual Superior em Düsseldorf.
A pedido dos membros da família que sobreviveram ao atentado, as ruínas da casa foram completamente removidas. No local, resta apenas uma placa com os nomes das vítimas e a promessa de que jamais serão esquecidas. Esse crime covarde abriu os olhos das autoridades para a urgente necessidade de combater a ideologia racista da extrema direita e realizar campanhas contra a xenofobia na Alemanha.
Peter Philipp (rw)