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História

1975: Queda de Saigon na Guerra do Vietnã

Michael Marek (gh)

A 30 de abril de 1975, helicópteros dos EUA viajavam entre um porta-aviões e Saigon, para evacuar os cidadãos. O pânico reinava na embaixada dos EUA. O conflito representou a maior derrota militar da história dos EUA.

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Evacuação por helicóptero de Saigon
Evacuação por helicóptero de SaigonFoto: picture alliance/dpa/Hugh Van

Enquanto tropas do Vietnã do Norte invadiam Saigon, o pânico reinava na embaixada dos EUA na cidade. Milhares de pessoas desesperadas forçavam a entrada no edifício, sob a mira das armas de marinheiros americanos. Além dos cidadãos dos Estados Unidos, foram poucos os que tiveram acesso ao heliporto sobre o prédio da embaixada, última chance para fugir de Saigon naquele dia 30 de abril.

Segundo o jornalista Dietrich Mummendey, milhares de franceses e vários correspondentes permaneceram no país, e a Cruz Vermelha declarou vários edifícios como "zonas internacionais".

Nenhum outro acontecimento mobilizou tanto a opinião pública internacional na década de 70 como a Guerra do Vietnã (1964-1975). O conflito representou a maior derrota militar da história dos EUA.

Pela primeira vez, as crueldades de uma guerra – fuzilamentos ao vivo e cadáveres de crianças nuas, mortas queimadas por bombas de napalm – foram exibidas no horário nobre da programação de TV.

Crônica de uma guerra anunciada

As hostilidades que antecederam o conflito começaram em 1956, quando o Vietnã do Norte decidiu não convocar eleições, em desacordo com o que havia sido decidido pelo Pacto de Genebra, após a derrota militar da França (potência colonial na região na primeira metade do século).

O Vietnã do Norte era dominado pela guerrilha comunista, cuja política pretendia anexar também o Vietnã do Sul. Os EUA passaram a fortificar suas posições no sul, a fim de garantir "a liberdade do país". A política norte-vietnamita tinha o apoio da União Soviética e da China. Já os EUA lutavam contra a expansão do sistema comunista em outros países.

Em 1964, o suposto bombardeio norte-vietnamita a barcos americanos, no golfo de Tonquin, serviu de pretexto ao presidente Lyndon Johnson para iniciar as ações militares contra o Vietnã do Norte.

Descontentamento nos EUA

Em 1969, no auge dos combates, 543 mil soldados dos EUA estavam nas frentes de batalha. Os norte-vietnamitas, vindos de uma guerra com a França, usaram melhor estratégias de guerrilha e aproveitaram a vantagem geográfica (selva fechada e calor de mais de 40ºC) para derrotar os americanos.

O descontentamento da opinião pública dos EUA com a Guerra no Vietnã forçou a abertura de negociações de paz, em 1971. Dois anos antes da tomada de Saigon, em 1973, os ministros do Exterior do Vietnã do Norte e dos EUA haviam assinado um cessar-fogo, em Paris.

O acordo não foi implementado, mas os Estados Unidos começaram a retirar suas tropas. Em 1975, completada a retirada norte-americana (que incluiu também o corte de ajuda financeira), o regime sul-vietnamita entrou em colapso.

Vitória dos pequenos

A ofensiva norte-vietnamita começara um mês antes da capitulação de Saigon. Os militares norte-americanos foram surpreendidos pelo rápido sucesso dos vietcongues e a fraca resistência do exército sul-vietnamita.

Uma nova intervenção dos EUA foi descartada pelo presidente Gerald Ford, por falta de apoio no congresso. Resultado: os norte-vietnamitas conquistaram o sul, a 30 de abril de 1975, no que ficou conhecido como a "queda de Saigon".

A evacuação de nove mil norte-americanos foi feita às pressas, na última hora. Mesmo assim, ainda foram resgatados cerca de 150 mil vietnamitas. A guerra deixou um saldo de 58 mil americanos mortos e 153 mil feridos; do lado vietnamita, um milhão de mortos e 900 mil crianças órfãs.

Milhões de hectares de terra, minados ou envenenados, se tornaram incultiváveis. Os EUA gastaram cerca de US$ 200 bilhões com o movimento bélico e lançaram um milhão de toneladas de bombas por ano. Em agosto de 1995, vinte anos após o fim da guerra, os EUA reataram relações comerciais com o Vietnã, ainda hoje um dos países mais pobres do mundo.

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