1958: Primeiro implante de marca-passo
O marca-passo implantado em 1958 pelo cirurgião cardíaco sueco Ake Senning no engenheiro sueco Arne Larsson pesava 60 gramas, era movido a baterias de níquel e cádmio e tinha um diâmetro de 55 milímetros. Hoje, o equipamento é bem menor e pesa apenas alguns gramas.
O marca-passo cardíaco artificial é a solução encontrada pela medicina para normalizar o ritmo cardíaco, alterado por falhas do marca-passo natural. Normalmente, o miocárdio bombeia sangue para todo o organismo (mais de 300 litros por hora).
O marca-passo natural, chamado de nó sinusal, está situado no átrio direito e produz impulsos elétricos numa frequência de 40 a 200 vezes por minuto, conforme o esforço, emoções, sono ou repouso. Esses estímulos trafegam por estruturas especiais até o centro marca-passo secundário (nó AV), de onde se espalham pelo coração, fazendo-o contrair-se na frequência necessária ao organismo.
Algumas doenças perturbam a transmissão deste estímulo elétrico, impedindo a contração cardíaca ideal. Em consequência, a pessoa sofre de frequência cardíaca baixa (bradicardia), que se manifesta por sintomas como tonturas, desmaios, falta de ar, edemas, palpitações e pressão baixa. O tratamento normalmente recomendado nesses casos é o implante de um compasso artificial.
Primeiro modelo: sete quilos e à corda
A primeira tentativa de reanimar o coração por meio de descargas elétricas foi feita no século 19, em condenados à morte que acabavam de ser decapitados. Dois médicos de Dublin, Irlanda, descobriram, pouco depois, que a arritmia cardíaca podia causar inconsciência súbita. Em 1882, o cardiologista alemão Hugo von Ziemssen (1829-1902) fez as primeiras simulações elétricas no miocárdio.
O precursor do marca-passo foi desenvolvido em 1930 por A.S. Hyman, que reanimou um coração com impulsos elétricos conduzidos para dentro da caixa torácica por meio de uma agulha. Seu equipamento pesava sete quilos e era movido por um relógio, que precisava de corda a cada seis minutos.
Por encomenda do cirurgião Ake Senning, o sueco Rune Elmqvist desenvolveu, em 1958, um marca-passo implantável sob a pele, com frequência fixa de 70 impulsos por minuto a 12 volts, comandado por transistores de silício. No dia 8 de outubro de 1958, o equipamento foi implantado em Arne Larsson, que sofria de graves perturbações do ritmo cardíaco. Começou, então, a era dos marca-passos e da tecnologia do desfibrilador.
Enormes progressos
Hoje, o implante de um marca-passo à base de microchips é uma operação simples, sob anestesia local. O equipamento é composto de duas partes: a primeira é um circuito eletrônico, alimentado por uma bateria, a qual gera estímulos elétricos em determinada frequência.
A segunda parte é o cabo cateter eletrodo, um fio coberto por material isolante que leva os estímulos elétricos para o coração e traz para o marca-passo os estímulos produzidos pela contração cardíaca espontânea. O marca-passo trabalha em demanda, isto é, só envia estímulos se o coração não contrair espontaneamente.
A maioria dos marca-passos tem seus cateteres implantados no ventrículo, outros, no átrio, e outros, em ambas as câmaras cardíacas, dependendo da doença do paciente. Alguns equipamentos têm frequência de estimulação constante, outros são dotados de biossensores que percebem a necessidade de maior ou menor frequência (de acordo com o movimento do corpo, temperatura, respiração etc.), ajustando seus estímulos a esses parâmetros.
A maioria dos marca-passos atuais é programável, isto é, por meio de computadores especiais, são enviados sinais de ondas curtas, radiofrequência ou eletromagnéticas para a unidade geradora. Seu funcionamento é semelhante ao dos desfibriladores, implantados desde 1980 para a prevenção contra tremulações mortais dos ventrículos.