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9 de março de 1956

Peter Philipp (rw)

No dia 9 de março de 1956, britânicos deportaram o arcebispo Makarios do Chipre para Seicheles, no Oceano Índico, temendo sua influência sobre grupos greco-cipriotas que lutavam pela incorporação do Chipre à Grécia.

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Mulheres cipriotas promovem manifestação pela paz e reunificação, em 2001Foto: AP

Mais do que um líder religioso, o arcebispo Makarios, da influente Igreja Ortodoxa, representava 80% da população do Chipre, enquanto a outra etnia – os turcos – nunca passou de 20%.

Filho de um simples pastor de ovelhas da ilha no Mar Mediterrâneo, ele nasceu em 1913 e foi batizado como Myriarthes Michael Christodoulos Mouskos. Aprofundou os estudos de Teologia na Grécia e nos Estados Unidos. Em 1948, foi nomeado bispo e retornou ao Chipre.

Erzbischof Makarios
Makarios 3ºFoto: AP

Chipre, uma pequena ilha de 9 mil quilômetros quadrados, próxima à Turquia, sempre foi motivo de disputas, tanto pela sua localização estratégica como pela maioria grega de sua população. Em 1571, fora tomada pelo Império Turco-Otomano. Em 1878, os britânicos estacionaram tropas no Chipre para proteger a Turquia do expansionismo russo. Na Primeira Guerra Mundial, quando os otomanos se aliaram aos alemães, a ilha foi anexada ao Reino Unido e em 1925 foi declarada colônia.

As várias propostas gregas de unificação com o Chipre foram rejeitadas pelo Reino Unido. Ao retornar ao Chipre em 1948 e dois anos mais tarde tornar-se arcebispo da Igreja Ortodoxa cipriota, o agora denominado Makarios 3º aliou-se ao movimento Eoka, que defendia a Enosis, a incorporação do Chipre pela Grécia.

O movimento Eoka, comandado pelo militar grego George Crivas, amigo de Makarios, começou uma violenta onda de terror na ilha, a princípio contra inimigos nas próprias fileiras, depois contra turcos e britânicos.

Apesar de Makarios demonstrar disposição em negociar com o Reino Unido, os britânicos o viam como um líder terrorista. Por isso, em 9 de março de 1956, deportaram-no para o arquipélago de Seicheles, no leste da África. Um ano mais tarde foi libertado. Como estava proibido de retornar ao Chipre, comandou a partir de Atenas a campanha pela retirada dos britânicos de Nicósia.

Plano de independência

Apesar de ainda defender abertamente a unificação com a Grécia, mudou de tática – talvez por concluir que os problemas da ilha só aumentariam se fosse governada por Atenas, ou na expectativa de que a união seria mais fácil depois da retirada das tropas britânicas. Em 1959, o Reino Unido, a Turquia e as lideranças cipriotas aprovaram um plano de independência da ilha. Ela continuaria ligada à Comunidade Britânica e a minoria turca teria garantias constitucionais.

Em dezembro de 1960, Makarios 3º foi eleito primeiro presidente da República do Chipre. Mesmo assim, a situação não se acalmou. Pelo contrário, os conflitos entre turcos e gregos, e a ameaça de uma guerra entre Grécia e Turquia, levaram ao estacionamento de tropas da ONU na ilha, em 1964. Makarios foi reeleito em 1968 e 1973.

Em 1974, oficiais gregos da Guarda Nacional Cipriota, ligados ao Eoka, derrubaram Makarios. A Turquia invadiu o Chipre e ocupou o norte da ilha (cerca de 40% do território), estabelecendo um Estado Turco, só reconhecido por Ancara. Makarios reassumiu o governo greco-cipriota em 1974, permanecendo no poder até 1977, ano de sua morte.