1937: "Guernica", de Picasso, é exposta pela primeira vez
Publicado 12 de julho de 2015Última atualização 12 de julho de 2020A cidade de Guernica, com seus 5 mil habitantes, foi completamente destruída pelos 250 quilos de explosivos e bombas incendiárias jogados pela Legião Condor dos nazistas naquele fatídico 26 de abril de 1937. A Espanha estava em guerra civil há mais de dois anos. Os fascistas, seguidores do mais tarde ditador Franco, lutavam contra o governo republicano.
Enquanto os republicanos esperavam em vão a ajuda da Inglaterra e da França, Franco tinha na Alemanha e na Itália fortes aliados. Embora os alemães negassem sua participação nos bombardeios, alegando tratar-se de "antipropaganda da imprensa judaica", testemunhas haviam identificado os símbolos nazistas pintados nos aviões.
A cidade basca era um espinho nos olhos do general Franco, desde o início da guerra civil. Como Hitler era seu aliado e desejava testar a capacidade de sua Força Aérea, o alvo escolhido foi Guernica.
Exposição Internacional de Paris
O horror do ataque foi fixado em óleo sobre tela pelo pintor espanhol Pablo Picasso no famoso quadro de mais de três metros de altura por sete de largura chamado Guernica. Ele foi a expressão máxima não só do sofrimento espanhol como do impacto devastador dos armamentos modernos de guerra sobre suas vítimas em todas as partes do mundo. E a desgraça provocada pelo ataque a toda uma população civil.
"A civilização foi assassinada em Guernica", protestou o artista, que vivia no exílio na França. Sob encomenda do governo republicano de Madri, Picasso pintou seu protesto contra a guerra em apenas dois meses, chocado e ao mesmo tempo inspirado pelas testemunhas oculares que lhe narravam como presenciaram os bombardeios. No dia 12 de julho de 1937, Guernica foi apresentada no pavilhão da República Espanhola na Exposição Internacional de Paris.
Jamais na história uma obra de arte havia retratado a guerra de forma tão exemplar. Picasso omitiu de forma consciente do uso de símbolos políticos, mesmo assim a enorme tela conseguiu transmitir a angústia da população e o poder de destruição da força militar.
Ao visitar a exposição, um oficial da SS teria perguntado a Picasso: "Você fez isso?", ao que o gênio da pintura respondeu: "Não, você!".
O quadro, doado ao povo espanhol pelo pintor, estava num anexo do Museu do Prado e agora encontra-se no Centro de Arte Rainha Sofia, em Madri.