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História

1867: Primeira execução pública da valsa "Danúbio azul"

Dirk Kaufmann mw

Obra-prima de Johann Strauss (filho) estreou num baile de Carnaval, no salão de uma piscina pública. Compositor não esteve na apresentação. Muitos consideram a famosa valsa o hino nacional da Áustria.

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Österreich Denkmal für Johann Strauß in Wien
Monumento a Strauss filho em VienaFoto: picture-alliance/dpa/U. Gerig

A priori, a escolha das composições a serem executadas como bis após um concerto cabe ao maestro da orquestra. Porém, no tradicional Concerto de Ano Novo da Filarmônica de Viena, o regente não tem escapatória: após o encerramento da parte oficial do programa, o público sabe de antemão o que vai ouvir, e nem liga que todos os anos seja a mesma coisa.

Aos aplausos incessantes e pedidos de bis, seguem-se os primeiros violinos num acorde de lá maior, em tremolo, agudo e pianíssimo. E quando as trompas começam a soar, a plateia aplaude de novo, entusiasticamente. Todo ano, repetem-se duas obras clássicas, uma delas é a valsa Danúbio azul, de Johann Strauss filho. A segunda, a Marcha Radetzky, de Johann Strauss pai.

Danúbio azul é uma peça para orquestra que acabou mais identificada com a Áustria do que o próprio hino nacional do país. A valsa tornou-se tão popular que, tanto na Alemanha quanto no Brasil, consagrou-se chamá-la abreviadamente. Originalmente, a obra carrega o nome An der schönen blauen Donau (No belo Danúbio azul), mas, em alemão, ela é habitualmente chamada Donauwalzer e, em português, Danúbio azul.

Strauss não regeu na estreia

A valsa estreou num baile de Carnaval em 15 de fevereiro de 1867, no salão da piscina pública Dianabad de Viena. Por acaso, ela não foi regida por seu compositor, Johann Strauss, nessa primeira execução pública. Na mesma noite, o vienense tinha uma apresentação marcada na corte imperial, compromisso que não poderia ser trocado por um baile de Carnaval.

A honra de apresentar Danúbio azul num palco pela primeira vez coube a Rudolf Weinwurm, regente da Associação Masculina de Canto Coral de Viena. Afinal, fora a associação que havia encomendado a valsa de concerto e tivera de esperar o fim da guerra entre Prússia e Áustria, provocada pelo então primeiro-ministro prussiano, Otto von Bismarck. Patriota, Strauss alegava falta de condições de compor algo alegre durante o conflito. Somente quando a paz foi assinada em 3 de outubro de 1866, o vienense dedicou-se ao trabalho.

Assim, Danúbio azul ficou pronta com mais de seis meses de atraso. Com a Áustria ocupada pelos prussianos, foi o próprio Bismarck quem definiu a data de apresentação da nova composição de Strauss, que possivelmente se sentiu desconfortável ao saber que sua estreia foi executada pela banda do regimento alemão de infantaria 42, Jorge 5º, rei de Hannover, que estava estacionada em Viena.

Naquela noite, a música de Strauss foi acompanhada de um texto cantado, de autoria de Josef Weyl, um dos membros do coral. Tida como medíocre, a letra acabou sendo abandonada, e a valsa se consagrou como composição puramente instrumental.

Pai e filho compositores

Há quem confunda a autoria de Danúbio azul, devido ao fato de pai e filho terem o mesmo nome e ambos terem sido compositores de valsas. Mas, embora Johann Strauss pai tenha composto muitos clássicos, como a Marcha Radetzky, foi seu filho que se consagrou como o rei da valsa.

E, apesar da popularidade de Danúbio azul, muitos músicos apontam outras composições como as melhores de Strauss: Rosas do Sul (Rosen aus dem Süden), Vozes da Primavera (Frühlingsstimmen) e Vida de artista (Künstlerleben), entre outras.

Isto não quer dizer, porém, que Danúbio azul não tenha admiradores entre os mestres da música erudita. Richard Wagner, por exemplo, não escondia seu encanto pelo primor da introdução da valsa, e Johannes Brahms teria anotado certa vez num guardanapo um comentário sobre a obra-prima de Strauss: "Infelizmente, não é minha."

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