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Órgãos de segurança alemães empregam 364 radicais de direita

2 de julho de 2024

Relatório do governo aponta que presença de extremistas em órgãos como a polícia ou os serviços de inteligência não são casos isolados.

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Policiais caminhando de costas para a câmera
Policiais em Berliim durante operação contra o crime organizado (foto de arquivo)Foto: Jens Kalaene/dpa/picture alliance

Os órgãos de segurança da Alemanha têm nos seus quadros ao menos 364 extremistas de direita, aponta um relatório do Departamento Federal de Proteção à Constituição (BfV), entidade responsável por prevenir ameaças à ordem democrática alemã.

O BfV analisou 739 casos entre julho de 2021 e dezembro de 2022, definidos em função de posicionamentos e atividades desses indivíduos, e pôde confirmar suas suspeitas em praticamente metade deles. Destes, 175 atuavam em órgãos nacionais de segurança, e 189 em órgãos estaduais.

Entre os comportamentos verificados, os mais frequentes foram declarações extremistas em redes sociais e chats e ofensas por motivação política, bem como contatos com organizações e partidos extremistas, filiação ou apoio. Segundo o relatório, foram encontradas poucas ações voltadas à violência.

O Ministério do Interior, pasta à qual o BfV é subordinado, aponta que, tanto nos casos com suspeita fundamentada quanto nos casos mais incipientes, mais da metade dos funcionários já eram previamente conhecidos.

Processos disciplinares se arrastam

Os processos disciplinares e trabalhistas contra esses funcionários se arrastam, muitas vezes por conta dos prazos que têm que ser observados.

A nova lei de processos disciplinares na esfera federal, que está em vigor desde 1º de abril, pode encurtar esses prazos pelo menos nessa esfera.

"Considerados os mais de 384 mil funcionários só do governo federal, são poucos casos. Ainda assim, estamos olhando com muita atenção e agindo", afirmou a ministra do Interior, a social-democrata Nancy Faeser, ao comentar os resultados do relatório.

Chefe do BfV, Thomas Haldenwang salientou que as conclusões do relatório apontam para uma "minoria absoluta", mas que cada caso é digno "de nossa total atenção". Ainda segundo ele, os números não são um sinal apenas da dimensão do problema, mas também da consciência sobre ele – em outras palavras: quando superiores se omitem ou minimizam suspeitas de extremismo, os casos suspeitos caem automaticamente.

O maior número proporcional de casos suspeitos é Berlim, com 0,67%. A capital alemã introduziu em 2020 um plano para prevenção e combate de tendências extremistas que impõe aos funcionários o dever de notificar casos suspeitos.

Para Haldenwang, há uma sensibilidade crescente para o tema do extremismo de direita em órgãos de segurança, o que teria encorajado denúncias. Segundo ele, a descoberta de casos suspeitos também se deve ao bom trabalho conjunto entre órgãos estaduais e federais.

ra (dpa, epd, ots)