Às margens do Rio Negro
O Rio Negro é um dos principais do mundo. Afluente da margem esquerda do Amazonas, tem 1,5 km de extensão em território brasileiro e drena área equivalente a 10% da bacia Amazônica.
Águas misteriosas
O Rio Negro é um dos principais do mundo. Afluente da margem esquerda do Amazonas, tem 1,5 mil km de extensão em território brasileiro e drena área equivalente a 10% da bacia Amazônica. Suas águas são alvo de especulação científica há 200 anos. Na década de 1980, estudos concluíram que o tom se deve à quantidade de ácidos orgânicos vindos da decomposição de restos vegetais no seu solo arenoso.
Diversidade
Florestas de terra firme, vegetação de igapó e campina fazem parte da paisagem natural da bacia do rio Negro. A região é feita por um mosaico de diferentes tipos de solos e de vegetações correlacionadas. Florestas altas e densas de terra firme sobre solos argilosos, caatingas típicas da Amazônia e formações mais abertas, chamadas de campinas, ocorrem sobre areia branca.
Reserva natural
Comunidades ribeirinhas também ocupam tradicionalmente as margens do rio. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Rio Negro foi criada em 2008 e faz parte do Corredor Central da Amazônia e do Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro, estabelecido em 2010. Na foto, vê-se a comunidade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, uma das 19 na unidade de conservação, com 103 mil hectares.
De desmatador a protetor
Sebastião Brito de Mendonça, hoje presidente da associação das comunidades, já foi preso em flagrante durante transporte ilegal de madeira, acusado de formação de quadrilha. “Serviu para me fortalecer, ensinar a lição para as próximas gerações”, avalia. A madeira ainda traz renda para os moradores, mas com manejo legalizado e sustentável, e garante cerca de R$ 800 por família.
Bolsa Floresta
Uma iniciativa importante para mudar a trajetória desses moradores foi o Programa Bolsa Floresta. Estabelecido pelo governo estadual, ele é gerido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) desde 2008, com reforço de recursos do Fundo Amazônia a partir de 2010. Rosana Lima Silva, mãe de sete filhos e casada com pescador, é uma das beneficiadas, que paga R$ 50 por família.
Arte na floresta
Projetos de geração de renda e empoderamento das comunidades fazem parte do Bolsa Floresta. Com o apoio, o artesanato é feito com materiais que a floresta fornece, como fibra de bacaba, uma palmeira que, até há pouco tempo, não tinha serventia para os moradores. As mulheres da comunidade Tumbira expõem no local e vendem os produtos, principalmente para Manaus.
Tucumã
Tucumã é o fruto de uma palmeira típica da região amazônica, e quase toda a sua produção é proveniente de áreas extrativistas – a espécie é de difícil cultivo. De cor alaranjada e sabor pouco doce, na comunidade do Saracá, na RDS Rio Negro, o tucumã vira suco e recheio de pequenas tapiocas. Tudo é servido no restaurante comunitário, administrado pelas mulheres do povoado.
Energia para as vilas
Até pouco tempo atrás, as comunidades da RDS Rio Negro só tinham eletricidade poucas horas por dia, a partir de um gerador movido a diesel. Atualmente, o fornecimento é ininterrupto em todas as casas, mediante pagamento da conta de energia elétrica. A comunicação via telefone, no entanto, ainda é precária. Na vila de Saracá, um orelhão é compartilhado como um telefone fixo.
A gigante sumaúma
Na foto, uma sumaúma se destaca às margens do rio Amazonas, o maior do mundo em extensão e em volume de água. A árvore ocorre em toda a bacia Amazônica, tem grande porte e pode atingir até 50 metros de altura e 2 metros de diâmetro. A sumaúma foi bastante explorada ao longo dos anos pela qualidade da madeira, por isso é difícil avistar um exemplar de porte tão grande próximo a áreas habitadas.