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Ministro moçambicano em Angola: Interferência ou ajuda?

José Adalberto
20 de novembro de 2024

Recente visita a Luanda do ministro do Interior de Moçambique reacendeu suspeitas sobre alegado apoio do país nas ações de repressão das autoridades de Maputo contra a oposição após divulgação dos resultados eleitorais.

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João Lourenço (à esquerda) e Daniel Chapo (à direita)
Visita do ministro do Interior de Moçambique a Angola foi antecedida das felicitações do Presidente João Lourenço a Daniel Chapo, candidato presidencial da FRELIMOFoto: Li Xueren/Constancio Sitoe/Xinhua/picture alliance

Era para ser mais uma visita normal, de reforço dos laços de cooperação, entre dois países irmãos que partilham uma história comum de amizade e solidariedade, desde o início da luta armada até à independência.

Mas, desta vez, o timing e a função da figura enviada a Luanda pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, levantou questionamentos, tanto em Angola como em Moçambique.

Para o jornalista e diretor do portal Club-K, José Gama, não há dúvidas de que a deslocação do ministro do Interior, Pascoal Pedro Ronda, a Angola, e o secretismo à volta da agenda do encontro com o Presidente angolano, João Lourenço, indicia o reforço da cooperação no setor da segurança pública.

"Moçambique, tendo em conta que está num contexto de contestação eleitoral e conflito, isto indica que o assunto tratado, é um assunto que não querem que a comunidade nacional ou internacional tome conhecimento", diz José Gama.

"Deve ser um assunto que, ao ser tornado público, pode criar constrangimento às duas partes e, havendo este problema que Moçambique observa, então não duvida de que o acordo seja no âmbito da ordem pública", acrescenta.

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João Lourenço felicitou Daniel Chapo

A visita do ministro do Interior de Moçambique a Angola foi antecedida de uma deslocação de um diplomata angolano ao país do Índico e das felicitações do Presidente João Lourenço, ao candidato presidencial da FRELIMO, Daniel  Chapo, declarado como vencedor das eleições de 9 de outubro pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), apesar da impugnação do processo pela oposição. Na altura, várias vozes criticaram o posicionamento do estadista.

António Soliya Solende, membro do comité central do Partido de Renovação Social (PRS), afirma que a acusação do alegado envolvimento dos serviços de informação angolanos no conflito pós-eleitoral em Moçambique coloca Angola numa posição de desconforto.

"Neste momento, a presença do ministro do Interior é uma mácula, sobretudo numa altura em que a governação de Angola, a segurança de Estado angolana foi acusada de tentar matar Venâncio Mondlane", sublinha.

Isto numa altura em que a oposição moçambicana, liderada por Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo partido PODEMOS, reivindica, nas ruas, a vitória nas eleições de 9 de outubro.

Apesar de agregar uma vasta experiência no domínio da gestão de manifestações, Angola será um interlocutor não válido, devido à sua aproximação à FRELIMO, considera José Gama. "Neste contexto, o que se espera de Angola não é a ajuda para reprimir ou como gerir a repreensão", conclui o jornalista.

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