1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ucrânia: NATO espera ataque "maciço" da Rússia

Lusa
22 de fevereiro de 2022

O secretário-geral da NATO anunciou que forças militares estão preparadas para responder a um eventual ataque da Rússia. Kiev pediu mais armas ao Ocidente e garantias de uma futura adesão à União Europeia.

https://p.dw.com/p/47RMB
Soldados russos durante exercídio militar (Foto de arquivo / 2021)Foto: Vitaly Nevar/REUTERS

A NATO espera um ataque em larga escala da Rússia na Ucrânia e colocou a sua força de reação rápida em alerta para defender os países aliados, anunciou esta terça-feira (22.02) o secretário-geral da Aliança.

"Tudo sugere que a Rússia está a planear um ataque maciço na Ucrânia", depois de enviar tropas para os territórios separatistas pró-russos de Donbass, no leste do país, disse Jens Stoltenberg após uma reunião extraordinária da comissão NATO-Ucrânia, na sede da Aliança, em Bruxelas.

Putin assinou, na segunda-feira à noite, o reconhecimento das repúblicas separatistas de Lugansk e de Donetsk, na região oriental do Donbass, e ordenou às forças armadas russas que entrassem naqueles territórios ucranianos numa missão de "manutenção da paz".

"Não sabemos se a Rússia reconheceu as repúblicas de Donetsk e Lugansk ou apenas as partes ocupadas pelos separatistas. Não ficou claro", acrescentou Stoltenberg.

NATO Generalsekretär Jens Stoltenberg
Jens Stoltenberg: "A NATO está pronta para defender os aliados"Foto: John Thys/AFP/Getty Images

Parlamento russo aprova envio de tropas

Entretanto, a câmara alta do Parlamento russo aprovou hoje o pedido do Presidente para envio de militares russos para o estrangeiro, após Vladimir Putin se ter comprometido com assistência militar aos separatistas pró-russos na Ucrânia.

Após um debate de urgência, o senado aprovou este pedido por unanimidade dos 153 membros. Vladimir Putin, tinha horas antes pedido autorização para usar forças militares fora do país, uma medida que torna formal um destacamento militar russo para as regiões rebeldes e que pode permitir um ataque mais amplo à Ucrânia.

Nem os números, nem a data do destacamento de militares russos foram revelados, à medida que aumenta o espectro de uma guerra de grandes dimensões, numa altura em que a Rússia tem quase 200.000 soldados concentrados ao longo da sua fronteira e da Bielorrússia com a Ucrânia. 

Ukraine Russland Konflikt | prorussische Demonstrationen in Donezk
Zonas separatistas no leste da Ucrânia celebram decisão de MoscovoFoto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance

Vários líderes europeus disseram no início do dia que tropas russas se deslocaram para áreas detidas pelos rebeldes no leste da Ucrânia. "A Rússia prometeu retirar as suas tropas e, em vez disso, está a concentrar mais forças, em formação de batalha, prontas para atacar. (...) Outras tropas estão no Donbass, nas regiões de Donetsk e Lugansk, e isso está a agravar a situação", afirmou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.

NATO garante defesa dos aliados

O chefe da NATO garantiu que "a NATO está pronta para defender os aliados". "A Força de Reação Rápida está em alerta, mas não foi mobilizada", explicou Stoltenberg.

A Força de Reação Rápida da NATO conta com 40.000 soldados e incluiu uma força operacional conjunta de altíssimo nível de prontidão (VJTF), de 8.000 soldados.

"Enviamos reforços para a Europa de Leste e temos mais de prontidão. Temos mais de 100 aviões em alerta e 120 navios no mar", pormenorizou Stoltenberg.

Ucrânia pede mais armas ao Ocidente

Por seu turno, a Ucrânia instou hoje os seus aliados ocidentais a fornecerem-lhe mais armas e a darem-lhe garantias de uma futura adesão à União Europeia (UE) para a apoiarem contra a Rússia.

Civis temem uma guerra na Ucrânia

"Esta manhã enviei à ministra dos Negócios Estrangeiros britânica uma carta a pedir mais armas defensivas para a Ucrânia", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, numa conferência de imprensa na embaixada em Washington, precisando que vai endereçar um pedido semelhante aos seus interlocutores norte-americanos.

"Vamos mobilizar o mundo inteiro para obter tudo aquilo de que necessitamos para reforçar a nossa capacidade de defesa", acrescentou.

Adesão à UE

O chefe da diplomacia ucraniana indicou igualmente ter "apelado à União Europeia para pôr de lado toda a hesitação, todas as reticências e todo o ceticismo que existam nas capitais europeias e a fazer à Ucrânia a promessa da sua futura adesão".

Embora saudando a "forte" decisão de Berlim de suspender a certificação do gasoduto russo-alemão Nord Stream 2 após o reconhecimento por Moscovo da independência dos territórios separatistas da Ucrânia, Kuleba pediu ainda "mais sanções fortes" para pesarem sobre a Rússia.

"O cálculo de [Presidente da República russo, Vladimir] Putin era que a sua decisão não teria consequências. E, na ausência de punição, o apetite pela agressão torna-se mais forte", sustentou.

Europa vive momento mais perigoso desde fim da Guerra Fria