UA volta a apostar na diplomacia no Burundi
1 de fevereiro de 2016O Burundi mergulhou na instabilidade em abril do ano passado, quando o Presidente Pierre Nkurunziza anunciou a sua candidatura a um controverso terceiro mandato.
Desde então, 400 pessoas morreram em confrontos violentos e mais de 200 mil foram forçadas a abandonar o país. Apesar deste cenário, o Executivo rejeita qualquer intervenção militar internacional, que vê como uma "invasão".
O líder da Comissão de Paz e Segurança da União Africana, Ismael Chergui, garante que nenhuma força militar será enviada para o Burundi sem o consentimento do Governo. Mas os líderes africanos prometem continuar a fazer pressão.
"Se o Burundi aceitar, esta será uma força que vai lidar com as questões do desarmamento das milícias, recolher as armas que circulam ilegalmente, proteger os civis e facilitar o trabalho dos observadores humanitários," pondera Chergui.
Apesar da insistência da comunidade internacional, o conselheiro presidencial do Burundi, Alaina Nyamitwe, sublinha que o país não está pronto para aceitar esta intervenção.
"No que diz respeito à força militar, já deixamos a nossa posição muito clara," defende.
Palavra de ordem: diálogo
Uma posição que a comunidade internacional quer mudar a todo o custo. Presente na cimeira da UA, que terminou este domingo (31.01), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, deu o seu apoio à intervenção no Burundi.
"Uma das ideias é o envio de uma missão de paz. Apoio todas as opções que contribuam para a paz e estabilidade no Burundi. As Nações Unidas, com o aval do Conselho de Segurança, já enviaram uma pequena missão política para ajudar a facilitar o diálogo," informou Ki-Moon.
Também o chefe de Estado chadiano, Idriss Deby, eleito presidente da União Africana no sábado, afirma que dialogar deve ser a palavra de ordem.
"Nos casos do Burundi e do Sudão do Sul, a União Africana tem de fazer esforços para encontrar a paz e isto depende do fim da violência. Não podemos permitir que milhares de pessoas continuem a morrer devido à luta política," considera Deby.
Sudão do Sul e Boko Haram em pauta
Em Addis Abeba, multiplicaram-se também os apelos à implementação do Acordo de Paz no Sudão do Sul - onde as partes em conflito voltaram a falhar a data limite para a formação de um Governo de transição.
Durante a cimeira, discutiu-se ainda sobre a luta contra o terrorismo – no mesmo dia em que um novo ataque do Boko Haram matou 80 pessoas na Nigéria.
Por tudo isto, o continente africano deve unir-se para fazer mais. Uma ideia sublinhada no discurso de encerramento da cimeira pelo novo presidente da União Africana, Idriss Deby.
"Aplaudo o consenso a que chegamos em alguns pontos, especialmente o combate ao terrorismo e a resolução das crises em alguns estados. Gostaria de apelar à resolução de todas as questões que ameaçam o nosso progresso e desenvolvimento," declarou o novo presidente da UA.
A próxima cimeira da União Africana está marcada para Julho, em Kigali, no Ruanda. Antes disso, a organização deverá reunir-se numa cimeira de emergência sobre migração, em data a anunciar.