1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Parte dos jornalistas refugiados nas matas já em segurança

13 de novembro de 2020

Sete estão salvos, mas outros dois continuam incontactáveis. Refugiaram-se nas matas de Cabo Delgado para escapar às atrocidades dos terroristas. De Muidumbe querem distância por enquanto.

https://p.dw.com/p/3lHIu
Foto ilustrativaFoto: picture alliance/blickwinkel/Blinkcatcher

A boa nova é dada pela diretora do Fórum das Rádios Comunitárias (FORCOM), Ferosa Zacarias: "Dos nove jornalistas que se encontravam nas matas, fugindo do conflito, sete já se encontram supostamente seguros. Digo supostamente seguros porque não há nenhuma segurança onde há fome e quando não se tem teto".

Sobre o seu destino, Zacarias diz que "alguns estão em Nampula, outros em Montepuez ou na própria capital de Cabo Delgado, Pemba, e Mueda. Mas estão muito debilitados fisicamente e psicologicamente".

Os jornalistas fugiram para as matas na sequência de um ataque e destruição da Rádio Comunitária São Francisco de Assis pelos terroristas a 31 de outubro, em Muidumbe.

Foram cerca de 12 dias de aflição, em que os jornalistas relatavam dificuldades de sobrevivência nas matas e também a dor por morte por decapitação de familiares.

Mosambik | Leiterin von FORCOM | Ferosa Zacarias
Ferosa Zacarias, diretora da FORCOMFoto: privat

Qual o paradeiro dos outros dois?

Contudo o desespero não terminou, a diretora da FORCOM informa que "outros dois [jornalistas] estão incontactáveis, não sabemos em que condições estão".

"Estão em parte incerta, não temos nenhuma informação. Não sabemos se estão vivos, são a nossa preocupação. Estão com as suas famílias, ambos são casados, fugiram para as matas com os seus familiares", refere Ferosa Zacarias.

Não é a primeira vez que o trabalho da Rádio Comunitária São Francisco de Assis, pertencente à diocese de Pemba (Igreja Católica), fica condicionado. Em abril deste ano, ataques terroristas obrigaram a equipa a interromper as atividades e procurar refúgio temporário em lugar mais seguro dentro da província de Cabo Delgado.

Sem segurança a rádio não reabre

Face às recorrentes investidas dos insurgentes, seria caso de se encerrar definitivamente a emissora?

O padre Edegard Silva Júnior, coordenador da rádio, afirma que "a reabertura da missão vai depender da orientação do senhor bispo. Por medida de segurança, a reabertura da rádio vai depender desse contexto e do presidente da rádio, o senhor bispo dom Luiz Fernando Lisboa".

Além disso, segundo o coordenador, há outros dois fatores fundamentais: o equipamento, "que provavelmente foi roubado ou destruído", e o abastecimento de energia elétrica.

"Há muitos meses que estamos sem energia. E ninguém vai colocar em risco a vida da equipa, nem abrir a rádio enquanto não houver condições", ressalta o padre.

Diante da violência que se vive no norte, a FORCOM defende que o Estado deve garantir a segurança dos cidadãos e alerta que o encerramento das rádios comunitárias nas regiões de conflito coloca em causa o direito da população a informação, garantido pela Constituição.

"Cabo Delgado também é Moçambique"

Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África