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Terceira força política de Moçambique diz sofrer com intimidação do governo

matias, leonel28 de janeiro de 2013

Movimento Democrático de Moçambique seria vítima de atos de intimidação alegadamente de autoria do partido no poder, a FRELIMO. Objetivo seria inviabilizar atividade política do MDM. FRELIMO negou envolvimento.

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O caso mais recente foi a vandalização da recém-inaugurada sede do MDM em Chókwè,  em Gaza, província sulista considerada o baluarte da FRELIMO, o partido governista de Moçambique.

O MDM apresentou uma queixa à Procuradoria da República denunciando que mais de 150 pessoas munidas de armas brancas cercaram a sua sede no Chókwè, há uma semana (21.01) para tentar impedir a instalação a terceira força política moçambicana na região.

"A população viu os políticos da FRELIMO - são chefes dos bairros que estavam lá presentes", disse Alcinda da Conceição, parlamentar pelo Movimento Democrático de Moçambique, em entrevista à DW África.

No incidente, foi necessária a intervenção da polícia que teve de fazer disparos para o ar para dispersar os atacantes, disse ainda a política. "E mais: o vereador da urbanização de Chókwè também esteve lá. Então significa que este é um jogo combinado: 'vocês vão à frente, mas nós não sabemos nada'", afirmou Alcinda da Conceição. "Porque eles dizem que nenhum partido pode lá estar senão a FRELIMO", completou.

Alcinda da Conceição disse à DW África que se confrontou com a situação quando se deslocou a Chókwè, na sequência de uma ação de vandalismo protagonizada na sexta-feira anterior (18.01) por desconhecidos que rasgaram a bandeira do MDM, provocaram danos nas instalações da sede do partido e destruíram o respectivo imobiliário.

Partido governista nega envolvimento

A FRELIMO nega qualquer envolvimento no incidente de Chókwè, segundo Moisés Nhassave, secretário provincial de Mobilização e Propaganda do partido governista em Gaza: "Quem vandalizou a sede não é nenhum membro nem simpatizante do partido FRELIMO", afirmou Nhassave. "A própria população residente na zona onde ele [o MDM] instalou a sua sede é que não gostou de ver a sede deles na zona, porque não tiveram nenhuma informação de que queria-se instalar a sede do MDM naquela zona", disse o político.

Nhassave ainda explicou que a região "é uma zona residencial". Ele também disse que o seu partido nunca tentou inviabilizar a atividade da oposição na província de Gaza, e exemplificou  que a RENAMO, maior partido da oposição do país, tem as suas sedes a funcionarem em Xai e Chókwé.

Entretanto, o analista político Salomão Moyana recordou que, no passado, quando o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, tentou fazer campanha em Chókwè, foi apedrejado por militantes da FRELIMO.

Moyana  acredita que a FRELIMO possa estar por detrás destes atos, que, segundo disse, "não abonam a favor da idade e da maturidade do partido governista", se estas ações forem tentar inviabilizar a atividade política da oposição no alegado bastião da FRELIMO (a província de  Gaza).

"Tem sido quase recorrente que o partido FRELIMO, ao nível da província de Gaza, tem-se comportado de forma primitiva em relação a outros partidos, tem defendido uma ideia irracional, estúpida até, de dizer que a província de Gaza é um baluarte do partido FRELIMO e que outros partidos não terão [portanto] direito de fazer política na província de Gaza", disse Moyana em entrevista à DW África. "A Constituição preconiza a liberdade de prática de política em todo o território nacional, independentemente do local onde esses partidos queiram funcionar", lembrou.

Nos últimos tempos, o MDM tem acusado repetidamente  a FRELIMO de tentar impedir o seu trabalho político no país, e denunciou casos em que autoridades locais nas províncias centrais de Manica e Tete retiraram as bandeiras do partido nas respectivas sedes.

Para Alcinda da Conceição, os recentes acontecimentos de Chókwè constituem mais um ato para tentar intimidar o MDM , numa altura em que os partidos políticos já se encontram no terreno a preparar as eleições autárquicas do corrente ano e gerais de 2014.

Segundo a agência noticiosa LUSA, o MDM disse que vai concorrer com "as suas próprias forças" nas eleições autárquicas deste ano, a serem realizadas nos 43 municípios de Moçambique. "Falar de coligação é um pouco caricato. O MDM não precisa de se coligar com nenhum outro partido", disse Rachade Carvalho, delegado provincial de Nampula do MDM.

Nesta segunda-feira (28.01), o MDM também acusou o governo de Maputo de "burocratizar a assistência humanitária" às vítimas das cheias que assolam o país. O MDM enfrentou dificuldades para entregar ajuda em Maputo, ainda segundo a LUSA.

Autor: Leonel Matias (Maputo)/RK/LUSA
Edição: António Rocha