Taxa de câmbio do dólar dispara no mercado paralelo angolano
23 de dezembro de 2015Há oito meses que o dólar americano está a ser comercializado a um preço muito alto no mercado informal angolano. A informação foi confirmada, esta semana, pelos operadores informais de câmbio de Luanda, que alegam a escassez de divisa como razão.
“Amigo, amigo, fala bem”
Com frases como estas, os cambistas ambulantes conquistam os seus clientes.Numa ronda feita em alguns pontos da cidade de Luanda, onde há maior presença de cambistas, conhecidos localmente por “kinguilas”, a DW África apurou que as dificuldades para aquisição da moeda norte-americana continuam as mesmas. Escassez e preços altos são os dilemas que os clientes têm enfrentado.
No mercado paralelo, cem dólares estão a ser vendidos por 26.500 kwanzas, enquanto a compra está a 25.000. Isto representa que o câmbio duplicou. Uma desvalorização acima dos 30% desde o início da descida dos preços do petróleo, no verão de 2014. A baixa dos preços do petróleo, o principal produto exportado por Angola, originou uma quebra nas receitas fiscais e fez disparar a procura de dólares no mercado informal.
Fora das ruas
O preço estabelecido nas ruas não difere muito do praticado por algumas casas de câmbio. Estes estabelecimentos estão a vender o dólar a 27.100 kwanzas e a comprar por 25.500.
Paula Miranda é uma das “kinguilas” e confirma que a taxa de câmbio do dólar disparou no mercado paralelo de Luanda: "Estamos a comprar por 25 mil e vendemos por 26.500."
A “kinguila” diz que registam este problema há oito meses, mas o mercado informal continua a registar a maior procura do dinheiro americano: "Há muitos clientes a procurar o dólar e não está a aparecer", explicou a senhora que trabalha há dez anos, como operadora de câmbio em Luanda.
No entanto, recentemente o Banco Nacional de Angola (BNA) informou que a injeção de moedas estrangeiras nos bancos comerciais aumentou mais de 75 %. E semanalmente, o banco central angolano continua a vender divisas, mas as dificuldades para aquisição continuam.
Não é de hoje
No início de 2015, a DW África escreveu sobre a falta de dólares norte-americanos nos bancos angolanos. Um problema que estava a impedir os clientes de efetuarem levantamentos imediatos ao balcão, o que estava a fazer os cambistas informais a verem seus negócios ameaçados. Uma situação que se agravou em 2014. “Há uma falta generalizada da divisa norte-americana nos mercados formal e informal”, destacávamos.