1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Contestação ao regime

6 de outubro de 2011

A contestação contra presidente angolano José Eduardo dos Santos chegou ao cotidiano das ruas de Luanda. Músicas com letras de conteúdo contrário ao regime são ouvidas nos “candongueiros”.

https://p.dw.com/p/RpU2
Músicas de contesação são tocadas nas vias congestionadas de LuandaFoto: Jule Reimer

A música mais tocada hoje nas milhares de carrinhas que circulam diariamente em Luanda é "Carta ao Presidente", do rapper Brigadeiro "dez pacotes". Ele distribuiu sua música para taxistas tocarem no congestionado e desordenado trânsito das vias da capital angolana.

A canção contesta diretamente o regime do presidente José Eduardo dos Santos e foi aceite pelos taxistas. Tal como várias cidades em África, Luanda tem milhares de taxis que transportam dezenas de pessoas todos os dias. Os taxistas e os seus cobradores colocam as musicas a seu bel-prazer.

Angolas Präsident Jose Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos: há 32 anos no poder, presidente angolano é alvo de protesto criativo em LuandaFoto: picture-alliance / dpa

"Os direitos do cidadão para escolher livremente os seus dirigentes foram aniquilados", diz a canção de oposição ao regime em vigor no país há 32 anos, tocada constantemente para passageiros apertados e amontoados ouvirem. Neste trabalho, Brigadeiro "dez pacotes" critica o presidente pelo enriquecimento alegadamente ilícito de sua família, a exclusão social e a falta de liberdade de imprensa.

O som da contestação

A reportagem da Deutsche Welle flagrou a reação imediata das pessoas ao ouvir as canções do rapper. "Nós queremos ser felizes, construir casas. Queremos também ter casas bonitas", disse uma mulher após ser questionada sobre a iniciativa de "dez pacotes", refugiado no estrangeiro devido a ameaças de morte.

Os milhares de passageiros que todos os dias saem da periferia em Luanda são estudantes e funcionários públicos de renda mais modesta. Mesmo com a repressão governamental às manifestações realizadas por jovens angolanos nas últimas semanas, os próprios taxistas não parecem temer qualquer perseguição por tocar as músicas

Angola / Fußballnationalmannschaft Togo / Anschlag
Taxistas parecem não temer repressão policialFoto: AP

As músicas do rapper tomam conta das ruas em volume elevado no centro da capital. As Forças Armadas Angolanas se manifestaram pela primeira vez sobre os setores da sociedade angolano que sustentam crítica ao regime. O chefe do Estado-Maior para a Educação Patriótica, Igídio de Sousa, considera que as manifestações são instigadas pelo exterior.

"Esta prática viciosa que constituiu arma perigosa nas mãos de quem almeja enfraquecer a coesão e com isso regredir o país para os tempos do antagonismo político militar", disse o militar.

Autor: Manuel Vieira (Luanda)

Edição: Marcio Pessôa / António Rocha