Síria: Exército retira suas tropas em duas províncias do sul
7 de dezembro de 2024Em comunicado, o exército informou que as forças que operam em Deraa e Al Sueida implementaram uma retirada e estabeleceram um cordão defensivo e de segurança depois de elementos terroristas terem atacado os postos de controlo do exército com o objetivo de distrair as Forças Armadas que começaram a recuperar o controlo em Homs e Hama.
O novo posicionamento do exército sírio ocorre depois de fações locais terem tomado na sexta-feira a cidade de Deraa, capital da província com o mesmo nome, e que foi berço das revoltas populares de 2011 no âmbito da chamada 'Primavera Árabe'.
Também o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), na noite de sexta-feira, informou que as fações locais assumiram o controlo de mais de 90% de Deraa, incluindo a cidade com o mesmo nome.
Na cidade vizinha de Soueida, segundo o Observatório e meios de comunicação locais, o governador, os chefes da polícia e dos serviços prisionais, bem como o chefe da secção regional do partido Baath, no poder, tinham abandonado os gabinetes como autoridades locais depois de os combatentes assumirem o controle de vários postos.
Depois de tomar Aleppo, a grande cidade do norte, e Hama, no centro, em menos de uma semana, os rebeldes avançaram em direção a Homs, a 150 quilómetros a norte da capital, o maior avanço em 13 anos de guerra.
A província de Deraa foi o berço da revolta de 2011 contra o regime do Presidente Bashar al-Assad, mas regressou ao controlo governamental em 2018 ao abrigo de um acordo de cessar-fogo mediado pela Rússia, aliado do regime sírio.
Esta província tem sido assolada por distúrbios nos últimos anos, com ataques frequentes, confrontos armados e assassinatos, alguns dos quais reivindicados pelo grupo Estado Islâmico.
O recrudescimento da guerra na Síria obrigou pelo menos 370 mil pessoas a fugir das suas casas, avançou na sexta-feira o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, agravando a situação de um país onde se contam mais de 7,2 milhões de deslocados internos e mais de 5,5 milhões de refugiados espalhados sobretudo pelos países vizinhos.
Depois de mais de uma década de conflito, a Síria continua a constituir a maior crise de refugiados do mundo, destacou o porta-voz.