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Suazilândia - a última monarquia absoluta em África

12 de abril de 2011

Desde 2008 que tem havido na Suazilândia protestos exigindo liberdade e a criação de partidos políticos. O rei Mswati III porém não se impressiona com os protestos e continua a casar-se: já tem 14 mulheres.

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O rei Mswati III da Suazilândia já tem 14 mulheresFoto: AP

Dois terços dos habitantes da Suazilândia vivem com menos de um dólar por dia. 40% são desempregados. No dia 18 de Março passado cerca de 8.000 pessoas manifestaram-se exigindo a demissão do primeiro ministro Barnabas Dlamini e de todo o seu gabinete. Para esta terça-feira, 12 de Abril, foi convocada nova grande manifestação pelos três maiores sindicatos do país. Os organizadores esperam mais de 20.000 pessoas. Um deles, Muzi Mhalanga, secretário sindical, declara: "Nós queremos que este governo se demita! Precisamos dum sistema multi partidário. Este governo não trabalha para nós".

Um país sem liberdade...

Manifestar-se neste país é arriscado porque rapidamente o protesto pode transformar-se num confronto com a polícia. Muzi Mhalanga sublinha que a sua motivação não vem das revoluções nos países árabes. Os protestos começaram já em 2008 e esta vai ser a 6ª grande manifestação: "Organizámos uma manifestação pacífica. Não queremos que se repita aqui o que aconteceu na Líbia", disse Muzi Mhalanga. "A Suazilândia é um país pequeno e nós somos homogéneos, com fortes ligações entre nós. Não queremos um banho de sangue."

...com a mais alta taxa de SIDA do mundo

Segundo a agência das Nações Unidas de combate à SIDA, UNAids, a Suazilândia tem a mais alta taxa de doentes de SIDA em todo o mundo. 26% dos habitantes estão infectados. As principais vítimas são as mulheres, que de resto são discriminadas em muitos setores.

Swasiland Aids-Patient bekommt antiretrovirale Medikamente
A Suazilândia é o país do mundo com a mais alta taxa de doentes de SidaFoto: picture alliance/dpa

Os seus direitos são ignorados, como recorda Mary Rayner, da Amnistia Internacional: "Na constituição há numerosas limitações aos direitos humanos. Sobretudo aos direitos das mulheres, que continuam a poder ser legalmente castigadas e discriminadas. Não há leis que protejam as mulheres de abusos e delitos sexuais. Muitas estão infetadas com o vírus HIV. Uma situação horrível".

E quanto à liberdade de imprensa e de opinião? "A situação política e de liberdade de opinião continua a ser muito crítica na Suazilândia. Até agora não se registaram progressos", diz Mary Rayner. "As pessoas não podem militar nos partidos políticos. Existem partidos, mas não podem concorrer às eleições. É portanto difícil quando alguém quer empenhar-se e trabalhar na política".

O rei Mswati III não se mostrou até agora nada impressionado com os protestos dos seus súbditos, exigindo mais liberdade politica. O monarca, a quem o povo da Suazilândia chama "o leão" vive no maior luxo. No ano passado casou-se pela 14ª vez. Nada indica que tenha sido a última.

Autor: Carlos Martins

Revisão: António Cascais

Landschaft um Mbabane, Hauptstadt von Stadt
Arredores de Mbabane, capital do paísFoto: DW/Inga Sieg