Separatistas querem impedir presidenciais nos Camarões
9 de setembro de 2018Os separatistas dizem que a ação em Bamenda pretende impedir a realização da eleição presidencial no mês que vem, já que dizem que o voto não pode acontecer no que eles chamam de estado independente da Ambazónia.
Um viajante, o estudante de 22 anos Philip Njie, disse que vários atiradores ordenaram que ele e outras pessoas saíssem de um ônibus com destino à capital, Yaoundé, no final do sábado (08.09). Eles estavam "prontos para atirar em qualquer um que os desrespeitasse, então ficamos muito assustados", disse o estudante.
Outra viajante, Philomena Ngwang, disse que o grupo foi ameaçado por um homem com uma "arma extravagantemente grande" e que lhes foi dito para remover as cores que representam a bandeira de Camarões de suas carteiras de identidade.
O general Agha Robinson, que comanda as tropas no noroeste, afirmou que os separatistas confiscaram equipamentos de construção de estradas e destruiram ônibus antes de fugir.
"Há uma operação para desalojar esses terroristas, para garantir que as armas sejam apreendidas", acrescentou Robinson.
Pelo menos 20 ônibus danificados estavam alinhados na vila vizinha de Akum no domingo enquanto os militares ajudavam os viajantes a rastrear suas bagagens.
Tumultos na região
Na sexta-feira (07.09), centenas de mulheres protestaram em Bamenda contra os abusos cometidos em meses de combates entre o Governo e os separatistas anglófonos.
Elas descreveram estupros de suas filhas e assassinatos de familiares e exigiam um diálogo urgente sobre a paz.
O Exército de Camarões disse, na quarta-feira (05.09), que matou três pessoas na capital da região noroeste do país no mesmo dia em que o ministro da Educação visitou a área - com as tensões a aumentar, no momento em que as crianças retornam à escola.
Os separatistas da região dizem que o sistema educacional marginaliza os alunos anglófonos e decretaram um boicote às escolas nas áreas reivindicadas.
Os meses de tumultos mortais no noroeste e sudoeste dos Camarões representam um sério desafio para o presidente Paul Biya, de 85 anos, que está no poder desde 1982 e concore a um novo mandato.
O Governo tem procurado assegurar aos eleitores da região que eles serão protegidos.
A agitação começou em novembro de 2016, quando professores e advogados de língua inglesa no noroeste e no sudoeste do país começaram a exigir reformas e maior autonomia no país de maioria francófona. Eles marcharam pelas ruas, criticando o que chamaram de marginalização dos falantes de inglês pelos falantes de francês.
Mais tarde, os separatistas assumiram os protestos e exigiram a independência das regiões de língua inglesa.
As Nações Unidas disseram que 300 pessoas foram mortas e centenas de milhares fugiram.