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Sem incidentes, centenas de manifestantes saíram às ruas de Luanda

8 de novembro de 2011

Decorreram este sábado (05.11) na capital angolana, e sem incidentes, os protestos convocados pelos jovens da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e pela “Fundação 27 de Maio”. E já está prevista outra marcha.

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Protestos sucedem-se na capital angolanaFoto: picture-alliance/ ZB

Na marcha promovida pela organização de juventude da FNLA (oposição), e que decorreu sem incidentes, participaram cerca de 300 pessoas, disse à agência Lusa o porta-voz do partido, Kamone Wa Kamone.

Um dos motivos do protesto foi a decisão do Tribunal Constitucional que retirou o líder do partido, Ngola Kabango, da presidência da FNLA. A decisão, que os militantes não aceitam, veio agravar a crise que este partido histórico angolano atravessa desde 1999. Dividida em duas alas, a liderança partidária da FNLA é disputada entre Lucas Ngonda e Ngola Kabango

Além de demonstrarem solidariedade a Kabango, os manifestantes denunciaram também “a má-governação do Governo”, afirmou Kamone Wa Kamone. Mais empregos, mais democracia e pensão de reforma para os ex-militantes da ELNA, o braço armado da FNLA, eram outras das reivindicações dos jovens.

A marcha teve início no cemitério de Santana, seguiu até o Largo de Maianga e terminou junto à sede do partido no centro da capital angolana.

Erste Wahl in Angola seit 16 Jahren MPLA-Anhänger
As autoridades angolanas consideram o 27 de maio de 1977 uma “tentativa de golpe de Estado” contra o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto (na foto)Foto: picture-alliance/ dpa

Justiça para o processo “27 de maio”

No Largo da Família, em Luanda, numa iniciativa acompanhada pela polícia e também sem registo de incidentes, dezenas de pessoas convocadas pela “Fundação 27 de Maio” exigiram justiça e verdade sobre os acontecimentos de 27 de maio de 1977.

As autoridades angolanas consideram a referida data uma “tentativa de golpe de Estado” contra o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto. Nessa altura, Nito Alves e José Van-Dúnem, dirigentes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), foram acusados pela direção do partido de serem os cabecilhas da ação. Várias pessoas foram mortas na sequência da repressão ao ato, sem que se conheça até hoje o número oficial de vítimas.

Na manifestação, os sobreviventes e parentes das vítimas exigiram a abertura de um inquérito para que se investiguem os milhares de mortes decorrentes de manifestações contra o governo daquela época. Outro dos objectivo do protesto foi "denunciar o cinismo e a hipocrisia do Governo angolano e do MPLA”, declarou à Lusa José Fragoso, vice-presidente da Fundação 27 de Maio.

A construção de um monumento memorial, o pagamento de indemnizações aos ex-presos políticos e a emissão de certidões de óbitos figuram também entre as exigências dos sobreviventes do 27 de Maio.

A manifestação deveria ter ocorrido na Praça da Independência, mas acabou por se realizar no Largo da Família, a cerca de 300 metros do local pretendido, uma vez que o Governo Provincial de Luanda não autorizou a concentração naquele espaço.

O primeiro de muitos protestos

A manifestação deste sábado foi a primeira de muitas que se deverão realizar semanalmente aos sábados na Praça da Independência, até que o Governo angolano responda às suas exigências, garantiu recentemente o presidente da Fundação, Silva Mateus.

No próximo sábado (12.11), a Fundação 27 de Maio pretende realizar uma marcha, que sairá do cemitério de Santana até à Praça da Independência.

Autora: Madalena Sampaio (com a agência LUSA)

Edição: António Rocha