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Seca e fome esquecidos nos manifestos eleitorais em Angola

Manuel Luamba
26 de julho de 2017

ONG angolana critica programas de governo dos partidos concorrentes às eleições de 23 de agosto por ausência de políticas específicas para população rural. Temas como a fome e a seca no sul do país estão a ser ignorados.

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Foto: DW/A. Vieira

Os programas de governo dos partidos concorrentes às eleições de 23 de agosto em Angola pouco ou nada dizem sobre a população rural. A crítica é da organização não-governamental angolana Associação Construindo Comunidades (ACC), com sede na província angolana da Huíla, que trabalha com a população rural do sul e do sudoeste de Angola. 

Domingos Fingo: "Secas cíclicas estão a sacrificar a sobrevivência da população"
Domingos Fingo: "Secas cíclicas estão a sacrificar a sobrevivência da população"Foto: DW/M. Luamba

A ONG angolana lembra que temas como a fome e a seca que assolam o sul do país, por exemplo, nem sequer estão contemplados nos manifestos dos partidos, que não apresentam políticas específicas sobre a população rural.

O diretor-executivo da ACC, Domingos Fingo, duvida que a questão da fome e da seca venha a ser incluída nas propostas, uma vez que a campanha eleitoral já arrancou oficialmente no último domingo (23.07).

"Eu não acredito muito. Gostaríamos que assim fosse", afirma.

PRS promete financiamento

A associação esteve presente, esta segunda-feira (24.07), num encontro, na Huíla, com o candidato do Partido de Renovação Social (PRS) à presidência da República, Benedito Daniel, cujo programa de governo prevê financiamento para as organizações da sociedade civil que operam em Angola.

Seca e fome esquecidos nos manifestos eleitorais em Angola

"No nosso programa damos liberdade à sociedade civil e concebemos um programa de financiamento mediante projectos que as próprias organizações da sociedade civil irão apresentar. Não vamos estratificar. Financiamos a AJAPRAZ (ONG angolana) e a ACC", afirmou Benedito Daniel.

Milhares de pessoas continuam a passar fome no sul de Angola desde finais de 2010. As províncias da Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango são as mais afetadas.

Domingos Fingo sublinha que a situação das populações é cada vez mais preocupante. "As secas cíclicas resultantes do fenómeno El Niño estão a sacrificar, sobremaneira, a sobrevivência da própria população", diz.

Também são necessárias políticas de luta contra o analfabetismo nas localidades onde a ACC trabalha. Segundo o diretor-executivo, cerca de 95% das comunidades com as quais trabalham são analfabetas. "Não sabem ler nem escrever, não sabem sequer expressar-se em língua portuguesa", explica.