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Rússia expulsa diplomatas de mais de 20 países

Lusa | EFE | AP | kg
30 de março de 2018

Medida é resposta à expulsão de 150 diplomatas russos ordenada por países como Alemanha, França, Itália e EUA. Nações expressaram solidariedade com Reino Unido no caso de envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal.

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Ministério dos Negócios Estrangeiro da Rússia, em MoscovoFoto: picture-alliance/dpa/Sputnik/M. Blinov

O governo russo anunciou esta sexta-feira (30.03) a expulsão de diplomatas de mais de 20 países que expressaram apoio ao Reino Unido no caso do envenenamento do antigo espião russo Sergei Skripal e da sua filha Yulia em solo britânico. Entre os embaixadores, a maioria é de países da União Europeia (UE).

O Ministério dos Negócios Estrangeiro da Rússia está a convocar os embaixadores dos países "que tomaram ações não amigáveis contra a Rússia 'em solidariedade' com o Reino Unido", diz uma nota emitido pelo Kremlin. "Os embaixadores vão receber notas de protesto e serão informados sobre as medidas recíprocas", acrescenta o comunicado.

Esta semana, mais de 20 países, incluindo os Estados Unidos, Canadá, Austrália e Ucrânia, e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ordenaram a saída de mais de 150 diplomatas russos de seus territórios. Em resposta, a Rússia se reservou o direito de tomar medidas similares.

Entre os diplomatas expulsos pelo governo russo, estão quatro alemães e dois espanhóis. Diplomatas da França, Itália, Polônia, Letónia, Lituânia, Eslováquia, Croácia e República Checa também foram convocados.

"Em primeiro lugar, manter boas relações com a Rússia responde aos interesses da Alemanha. Seguimos abertos ao diálogo", disse o embaixador alemão, Rüdiger von Fritsch, ao sair da sede do ministério russo.

Guerra diplomática

O Kremlin garantiu que não foi a Rússia a iniciar uma guerra diplomática. Na segunda-feira, os Estados Unidos anunciaram a expulsão de 60 diplomatas russos. Em troca, Moscovo também decidiu expulsar 60 diplomatas norte-americanos. 

"A Rússia não desencadeou guerras diplomáticas, e o presidente (russo, Vladimir) Putin foi e é a favor de desenvolver boas relações com todos os países, inclusive com os Estados Unidos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov ao lamentar as ações de Washington. A Rússia "não começou trocas de sanções, de expulsões de diplomatas etc", acrescenou.

Para a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Heather Nauert, a decisão não foi boa. "A Rússia tomou um caminho lamentável frente às nossas medidas perfeitamente justificadas", defendeu. Peskov expressou desacordo com este ponto de vista e ressaltou que "a Rússia foi obrigada a adotar medidas de resposta".

Reino Unido lamenta

O Governo britânico considerou hoje que a decisão da Rússia de equiparar o número de diplomatas britânicos em Moscovo ao número dos russos expulsos de Londres "é lamentável", mas já era um desenvolvimento esperado. "No entanto, isto não muda os fatos em causa: a tentativa de homicídio de duas pessoas em solo britânico, para a qual não há uma conclusão alternativa que não seja a de que a Rússia era culpada", afirmou uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, citada pela agência de notícias Associated Press (AP). 

"A Rússia está em flagrante violação da lei internacional e da Convenção sobre Armas Químicas e as ações dos países em todo o mundo demonstraram a profundidade das preocupações internacionais", vincou a responsável.

O ex-espião russo Serguei Skripal, de 66 anos, e a sua filha Yulia, de 33 anos, foram encontrados inconscientes a 4 de março em Salisbury, no sul de Inglaterra, após terem sido envenenados com um componente químico que ataca o sistema nervoso. O ex-espião russo permanece hospitalizado em estado crítico, mas fontes oficiais indicaram esta quinta-feira que o estado de Yulia Skripal melhorou.

O Reino Unido atribuiu o envenenamento à Rússia, que tem desmentido todas as acusações e exigido provas concretas sobre esta alegação. Em 14 de março, Londres anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos do território britânico e o congelamento das relações bilaterais, ao que Moscovo respondeu expulsando 23 diplomatas britânicos e suspendendo a atividade do British Council na Rússia.