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Ruanda e Alemanha discutiram cortes nos apoios a Kigali

17 de agosto de 2012

Louise Mushikiwabo, chefe da diplomacia ruandesa, reuniu em Berlim com o seu homólogo alemão Guido Westerwelle. O corte da ajuda ao Ruanda por parte de vários países doadores foi o tema que dominou o encontro.

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Rwanda, Nyungwe forest reserve is a montane rainforest
Nyungwe Nationalpark in RuandaFoto: picture-alliance/united-archives/mcphoto

As Nações Unidas divulgaram recentemente um relatório que acusava o Ruanda de prestar apoio aos rebeldes do M23, que atuam no leste da República Democrática do Congo. O Movimento 23 de Março, ou M23, é liderado pelo ex-general Bosco Ntaganda, procurado pelo Tribunal Penal Internacional por alegados crimes de guerra. O grupo é composto, essencialmente, por antigos rebeldes congoleses integrados no exército do Congo, depois de, a 23 de Março de 2009, terem assinado um acordo com o governo de Kinshasa.

Em abril passado, o grupo revoltou-se na província do Kivu Norte, no leste do país, acusando o Governo de não respeitar o acordo. Desde então, o M23 combate as forças armadas congolesas e é acusado de atuar de forma brutal no leste do país bem como de recrutar crianças-soldados.

Kigali nega qualquer envolvimento no conflito no Congo Democrático

Mas o Ruanda rejeita qualquer ligação ao que se passa no Estado vizinho: “Antes de se tentar restaurar a paz na República Democrática do Congo, é preciso entender o que se passa lá. Há muita superficialidade e muitas trocas de acusações". As palavras são da ministra dos Negócios Estrangeiros do Ruanda.

Government troops ride on a vehicle towards the frontline where they are fighting against M23 rebels outside the eastern Congolese city of Goma, July 25, 2012. Congolese rebels and government forces traded heavy weapons fire around two eastern villages on Friday, forcing thousands of civilians to flee towards the provincial capital days ahead of a regional summit due to tackle the rebellion. REUTERS/James Akena (DEMOCRATIC REPUBLIC OF CONGO - Tags: CIVIL UNREST POLITICS CONFLICT)
Ruanda nega ligação ao conflito entre forças armadas do governo do Congo e M23Foto: Reuters

Em entrevista exclusiva à DW, durante a sua visita à Alemanha, Louise Mushikiwabo explicou que "há falta de interesse verdadeiro em entender as questões complexas que atingem o Congo há tantos anos e que tornam o país vulnerável a estes ciclos de instabilidade e violência. Assim, é fácil procurar uma razão ou um responsável rapidamente".

De acordo com a responsável, "a República Democrática do Congo tem de ser responsabilizada pela forma como dirige o país, não faz sentido que o Ruanda seja aquele que responde pelas questões do Congo.”

Países doadores cortam apoios ao Ruanda

Mas os países doadores parecem não acreditar no que diz Kigali. Em reação às acusações da ONU, já vários Estados cortaram a ajuda ao Ruanda, entre eles a Grã-Bretanha, a Holanda, os Estados Unidos – grande aliado de Kigali – e a Alemanha, cujo ministro para a Cooperação, Dirk Niebel, anunciou recentemente o corte da ajuda federal até 2015 ou até que as acusações sejam esclarecidas. Esta semana foi a vez de a Suécia anunciar que adiaria a sua ajuda.

Enquanto o presidente ruandês, Paul Kagame, disse que os cortes não teriam importância, a ministra Mushikiwabo afirmava à DW em Berlim: “Em primeiro lugar, retirar, adiar ou suspender ajuda é uma situação desagradável e é uma decisão tomada com base em informações erradas. Portanto, a decisão é errada e a informação é errada". Louise Mushikiwabo vai mais longe: "Mas também penso que usar a ajuda como forma de exercer pressão política não está certo. Nós estamos convencidos de que o Ruanda tem usado muito bem o dinheiro que recebe, daí que não faça sentido retirar a ajuda a um país que provavelmente merece mais do que qualquer outro à nossa volta.”

Contudo, os peritos da ONU asseguram que, para o relatório, só se basearam em casos que podiam provar, como por exemplo, o facto de os rebeldes do M23 terem afirmado consensualmente que tinham sido recrutados e armados no Ruanda.

Rwanda's President Paul Kagame listens to deliberations during the International Conference on the Great Lakes Region (ICGLR) at the Commonwealth Resort Hotel Munyonyo in the Ugandan capital of Kampala August 8, 2012. African leaders of the Great Lakes region say they will impose sanctions on any party obstructing peace in the volatile Democratic Republic of Congo on Wednesday. The decision was reached at the end of a two-day leaders summit on the conflict in Uganda. REUTERS/Edward Echwalu (UGANDA - Tags: POLITICS CIVIL UNREST)
Presidente do Ruanda desvaloriza cessação dos apoios internacionaisFoto: Reuters

Autor: Cristopher Robinsosn / Marta Barroso
Edição: Maria João Pinto / António Rocha

17.08. Ministra ruandesa em berlim - MP3-Mono

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