Afeganistão: Retirada de estrangeiros a um ritmo "frenético"
16 de agosto de 2021Tem estado a decorrer a um ritmo descrito como "frenético" a retirada de diplomatas e cidadãos estrangeiros através do aeroporto internacional de Cabul. No domingo (15.08), a cidade foi tomada pelas forças talibãs.
A Alemanha e a França fazem parte do grupo de países que já começaram a retirada de diplomatas e pessoal contratado localmente. Outros países da NATO como o Reino Unido, Itália, Dinamarca, Espanha e Suécia também fizeram o mesmo.
Países como Finlândia, Suíça e Espanha anunciaram igualmente que as suas equipas no terreno, intérpretes e outros afegãos que trabalhavam nas embaixadas também serão evacuados. "A nossa prioridade agora é repatriar os cidadãos espanhóis assim como os cidadãos afegãos que trabalham connosco e que correm risco de segurança", disse o ministro do Interior da Espanha, Fernando Grande-Marlaska.
Alemanha garante apoio
Na sua primeira conferência de imprensa desde que os talibãs reclamaram a vitória no Afeganistão, a chanceler alemã alertou para uma crise iminente se aqueles que fogem do país não forem apoiados.
"Este é um desenvolvimento extremamente amargo. Amargo, dramático e aterrador", disse a Angela Merkel no início da noite desta segunda-feira (16.08).
A operação da NATO liderada pelos EUA no Afeganistão conseguiu menos do que o planeado, avaliou a chefe do Governo alemão, que prestou homenagem aos 59 soldados alemães que perderam a vida durante o conflito no Afeganistão, bem como aos que foram feridos em ação.
"Estou a pensar na dor de famílias de soldados que perderam a vida a lutar no Afeganistão. Agora tudo parece que foi em vão".
Angela Merkel também disse que Berlim vai trabalhar para oferecer apoio e refúgio, particularmente aos afegãos que ajudaram os militares alemães. E que as condições caóticas em Cabul estavam a tornar a operação "extremamente difícil".
Apoio dos EUA
A Alemanha conta com as tropas dos Estados Unidos da América (EUA) para ajudar a manter o controlo do aeroporto de Cabul, para que a evacuação seja possível.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, decidiu reforçar com mil soldados o contingente de cinco mil militares responsáveis pela segurança do aeroporto militar de Cabul, de onde serão retiradas 30 mil pessoas para os Estados Unidos.
A chanceler alemã também afirmou que os problemas políticos internos dos EUA são um dos motivos da retirada das tropas da NATO do Afeganistão depois de duas décadas, afirmou à AFP uma fonte da União Democrata-Cristã (CDU), o partido de Angela Merkel.
A chanceler também garantiu que a Alemanha vai apoiar todos os países próximos do Afeganistão, caso haja tentativas de golpe de Estado ou aumento do fluxo de refugiados.
Rússia e China devem manter-se no país
A Rússia já fez saber que não planeia evacuar a sua embaixada em Cabul. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Zamir Kabulov, disse que os talibãs asseguraram que a Rússia estaria entre os países cujas embaixadas estariam seguras. "Não está prevista nenhuma evacuação", disse Kabulov, emissário do Kremlin ao Afeganistão, citado pela agência russa Interfax.
A China também declarou que a sua embaixada em Cabul continuará em funcionamento. No entanto, o país já começou a evacuação de cidadãos há meses. Além disso, a embaixada pediu aos chineses que ficaram no país do Médio Oriente para não saírem em casa.
A bandeira norte-americana foi esta segunda-feira (16.08) retirada da embaixada dos EUA em Cabul, numa altura em que praticamente todos os funcionários se encontram no aeroporto à espera de sair do Afeganistão.
A chegada a Cabul dos talibãs precipitou a saída do país, no âmbito de uma grande ofensiva iniciada em maio, altura em que começou a retirada das tropas norte-americanas e da NATO, que deverá ficar concluída no final deste mês.
Artigo atualizado às 18h52 do Tempo Universal Coordenado (UTC) com as informações da conferência de imprensa da chanceler Angela Merkel.