RENAMO: "Não se sabe como é que Momade tem gerido o partido"

A ala militar da RENAMO submeteu hoje (3.01) uma providência cautelar para exigir mais transparência na gestão dos bens do maior partido da oposição moçambicana. Acusam o líder, Ossufo Momade, de desmandos.

Segundo disse à DW o advogado dos ex-guerrilheiros, Sérgio Matsinhe, o grupo exige ainda apresentação de relatórios de contas referentes as atividades daquela força política. A DW ainda não conseguiu uma reação da direção de Momade. O porta-voz do partido está indisponível para falar connosco.

DW África: Qual o objetivo desta providência cautelar contra o líder da RENAMO?

Sérgio Matsinhe (SM): A transparência. Ele não presta contas em relação às atividades que tem desenvolvido na própria RENAMO. Além disso, o partido tem recebido subvenções do Estado, no valor aproximado de 5 a 7 milhões de meticais (entre 74 mil e 104 mil euros) mensais. Os membros do partido não têm como saber como é que Ossufo Momade tem gerido e usado o património da RENAMO. 

DW África: Portanto estão a pedir uma maior transparência da gestão de Ossumo Momade na direção do partido?

SM: Eles nem sabem qual é o itenerário dessas contribuições. Era preciso haver um relatório descritivo, que espelha todas as atividades financeiras. Apresentar contas. Até mesmo um instrumento que denominamos de extrato bancário. Esses valores caem na conta da RENAMO. É isso que os membros estão a reclamar.

DW África: Mas também exigem ou não o normal funcionamento dos órgãos do partido que dizem estar a funcionar a meio gás?

SM: Desde que foi eleito, o próprio Presidente deve convocar uma reunião do Conselho Nacional, pelo menos duas vezes por ano. Infelizmente, em nenhum momento ele terá convocado essa reunião. Seria neste campo que se discutiria estes aspetos. Também terá que ser forçado a convocar a reunião do Conselho Nacional alargado.

DW África: Quando fala de militantes, são militantes ou a ala militar que submeteu esta providência cauteral?

SM: São os militares e ex-combatentes da RENAMO. Mas tiveram apoio das organizações sociais do partido, como a Liga da Mulher e a Liga da Juventude.