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RENAMO está a entregar menos armas em Moçambique

Nuno de Noronha10 de janeiro de 2014

A FOMICRES é uma organização de recolha de armas e reinserção de ex-combatentes que nota desde outubro de 2012 um recuo na entrega de armas. Albino Forquilha, o responsável, fala num maior controlo dentro da RENAMO.

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Foto: Fomicres

Desde o final de 2012, Albino Forquilha nota uma diminuição no fluxo de entrega de armas da RENAMO, o maior partido da oposição em Moçambique e o único a deter armamento. De acordo com o responsável da FOMICRES - Força Moçambicana para a Investigação de Crimes e Reinserção Social-, dentro do próprio partido há ordens para que isso não aconteça.

"Ainda existe elementos da RENAMO que nos transmitem informação e que colaboram connosco, embora já não recebamos armas nas quantidades que recebíamos", sublinha Albino Forquilha, em entrevista à DW Africa.

Albino Forquilha und Gulalai Ismail
Albino Forquilha e Gulalai Ismail, uma ativista paquistanesa, em BerlimFoto: Fomicres

"Existem elementos da RENAMO que estão interessados em entregar o armamento e em reintregrar-se na sociedade, não querem tiroteios, nem ataques, mas parece que há controlo dentro do partido, vigiam-se uns aos outros", suspeita o responsável da FOMICRES.

Aos 12 anos, Albino Forquilha foi raptado pela RENAMO para servir como criança-soldado. Mais tarde combateu pela FRELIMO e assim a guerra roubou-lhe parte da vida. Com o Acordo Geral de Paz, assinado em Roma em 1992, julgou que a guerra em Moçambique não voltaria. Porém, 2013 foi um ano marcado pela escalada da tensão político-militar entre a maior força da oposição e o Governo de Maputo.

Em 1995, fundou a FOMICRES, na altura um movimento cívico, cujo objetivo prende-se com a manutenção da Paz e estabilidade social. Para tal, dedica-se à recolha de armas e à promoção da paz no país. Em 2007, este movimento ganhou estatuto de organização não governamental.

Ataques como estratégia

Segundo Albino Forquilha, a RENAMO continua a utilizar as armas para aparecer na vida política do país.

"Não acredito que a RENAMO esteja interessada em fazer uma guerra, mas vê na guerra um meio para aparecer na cena política, porque não consegue colocar ideias claras nos jornais", lamenta o fundador da FOMICRES.

RENAMO está a entregar menos armas em Moçambique

"Assim faz um pressão indireta para que o Governo ceda às exigências", defende Albino Forquilha.

De acordo com o fundador desta organização para a paz, outros partidos em Moçambique já conseguiram provar através da democracia que é possível ter lugar na vida política do país. Em relação à RENAMO, Albino Forquilha defende uma remodelação dentro do partido.

"A RENAMO não faz nenhum congresso há vários anos, não se reúne nas províncias, e sempre que fala recorda a guerra. Não há pensamento, não há massa cinzenta para ir ao encontro daquilo que são as necessidades do povo, fazer uma estratégia de governação e apresentar ao povo nas eleições", explica.

Reintegração social e educação cívica como prioridades

Mosambik RENAMO Rebellen 2012
Os homens da RENAMO, que se encontravam mais ativos no Centro e Norte do país, desencadearam novas ações também no Sul, concretamente em Homoíne, província de InhambaneFoto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

Reintegrar os homens da RENAMO na sociedade é, segundo Forquilha, o caminho para a estabilização política, social e militar no país, um processo que não foi executado em pleno depois do fim da guerra.

"Nós precisamos de reintegrar rapidamente esses homens que reclamam a sua reintegração", sugere o especialista. "Penso que o Estado poderia fazer isto em nome da paz, porque promover o regresso do cidadão à sociedade é algo que traz paz ao seio da comunidade e ao coração dele", acrescenta.

Por outro lado, Albino Forquilha propõe também a aposta na educação cívica dos partidos. "Com o apoio da comunidade internacional, devíamos educar civicamente os nossos partidos políticos para que não detenham armamento", defende.

"E devíamos mostrar-lhes que a democracia é um trabalho constante e que se ganha o voto através das novas ideias que vamos colocando permanentemente dentro das comunidades".

Mosambik Strand
A presença de homens armados da RENAMO a Sul e a ocorrência de confrontos na região de Homoíne estão a afastar turistas da regiãoFoto: picture alliance/ZB
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