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RENAMO em alvoroço: "Divisões podem beneficiar FRELIMO"

Delfim Anacleto
9 de janeiro de 2024

Divisões internas ameaçam a coesão da RENAMO, afirma político à DW. Yaqub Sibindy destaca o risco de desorganização, enfraquecimento da oposição e possível vantagem para a FRELIMO nas eleições gerais deste ano.

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Apoiantes do partido RENAMO durante uma marcha em Maputo, após as eleições autárquicas de outubro de 2023
Foto: Alfredo Zuniga/AFP

O político Yaqub Sibindy prevê um agravamento das divisões na Resistência Nacional Moçambican (RENAMO), o principal partido da oposição.

Para o líder do Partido Independente de Moçambique (PIMO), a possível desorganização dentro da RENAMO enfraquecerá não apenas a "perdiz", mas toda a oposição nas eleições de outubro, beneficiando o partido no poder, a  Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

Sibindy destaca uma única saída: A união entre as facções desavindas. E enfatiza a urgência dessa união, apontando que a falta de consenso compromete o Estado multipartidário.

O silêncio do líder da RENAMO, Ossufo Momade, nas últimas semanas também é criticado.

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Yaqub Sibindy, Líder do PIMO
Líder do PIMO, Yaqub SibindyFoto: Romeu da Silva/DW

Yaqub Sibindy (YS): Há uma divisão na RENAMO, e o [deputado] Venâncio Mondlane, um membro eloquente e visionário, desta vez [não será bem-sucedido] porque nunca conseguirá derrotar o presidente Ossufo Momade e a sua máquina. Ossufo Momade tem o poder na mão.

Ou seja, Venâncio Mondlane [poderá] ser expulso da RENAMO [e poderá] querer formar um outro partido. E o homem que levou potencialmente a RENAMO a ganhar Maputo-cidade já não será perigo para a FRELIMO. Sem o apoio da RENAMO, Venâncio Mondlane não é nada.

DW África: Neste momento, qual seria a melhor forma de encontrar consensos nestas alas desavindas na RENAMO?

YS: A única forma seria se Ossufo Momade viesse a público e convocasse Raul Domingos, combatentes que estão descontentes e todos os membros da RENAMO que fizeram cisão e criaram outros partidos, ouvindo todos os partidos da oposição e unindo todos, sem ele precisar de dizer que quer ser Presidente.

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É necessário colocar a RENAMO acima de quaisquer interesses, dele e de outras pessoas. Atualmente, o que está em causa é o desaparecimento do Estado multipartidário. Isso não prejudica [só] a RENAMO como partido, todos nós vamos ficar prejudicados.

DW África: Há muitas vozes que, depois das eleições autárquicas, no ano passado, criticaram o aparente silêncio ou desaparecimento de Ossufo Momade do cenário político . O que tem a dizer em relação a essa contestação, que não é apenas dentro da RENAMO, mas que surge também na sociedade?

YS: Em geral, a sociedade civil tem razão, porque sabe que quem assinou o acordo de paz para trazer o multipartidarismo e a democracia a Moçambique não foi o PIMO, nem o MDM, nem o PAHUMO ou o PDD de Raul Domingos. Quem assinou o acordo de paz foi a RENAMO. Então, para corrigir o desmoronamento da democracia em Moçambique, para o retorno ao monopartidarismo, a RENAMO [deveria ser] o centro de atenção.

Então, é por isso que o silêncio do presidente Ossufo Momade prejudicou e criou incerteza e pânico nas pessoas que têm medo do monopartidarismo, que têm medo da FRELIMO e da sua ditadura quando governar o país sem oposição. É por isso que há pânico lá fora.

A única forma [de ultrapassar isto] é se o presidente Ossufo Momade convocar todas as forças vivas da sociedade - políticos, jornalistas, organizações não-governamentais e religiosos, ao estilo da mesa redonda convocada em Roma - para discutir a situação interna da RENAMO e subscrever aquilo que [o antigo líder do partido] Afonso Dhlakama [preconizava]: "Vocês devem ser unidos". 

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