Renamo ameaça convocar manifestações em Moçambique
26 de abril de 2011No final do ano passado, a Renamo submeteu um ofício ao Presidente da República moçambicano a solicitar um diálogo negocial para rever especificamente a questão da manutenção da paz e democracia, constituição do exército e dos órgãos eleitorais de consenso e a despartidarização da função pública.
Mas, de acordo com o partido, estes pontos não estão a ser objeto de análise por parte da Frelimo. A Renamo anunciou, por isso, o rompimento do diálogo e promete recorrer ao plano B, segundo Meque Brás, chefe-adjunto da mobilização do partido: “As negociações terminaram porque a Frelimo assim o quis. Não há espaço para negociar nenhum assunto neste país”.
Em resposta ao pedido da Renamo, a Frelimo diz ter emitido, através do seu gabinete presidencial, um ofício indicando a equipa destacada para o diálogo, cuja ronda inicial foi em fevereiro, em Maputo.
No primeiro contacto, a Frelimo pediu tempo para analisar as questões apresentadas. Na segunda ronda negocial, a Renamo disse que não se tratava de negociações mas sim de diálogo.
A Renamo deixou ainda claro que não teme ninguém e que se as manifestações pacíficas forem impedidas terá resposta à medida da ação do Estado: “A Renamo tem armas e nós estamos a dizer que vamos fazer manifestações pacíficas”, diz Meque Brás. “Se a Frelimo trouxer os seus elementos, como a FIR (Força de Intervenção Rápida)... Aliás, já tínhamos discutido esse assunto nas negociações. É do conhecimento de todos os moçambicanos que a Renamo foi um movimento de guerrilha, não vamos esconder isso. A Renamo tem armas. Vamos responder à medida do peso.”
Frelimo continua aberta ao diálogo
Por sua vez, a Frelimo diz desconhecer a informação sobre o rompimento do diálogo com a Renamo, segundo Edson Macuácua, do partido no poder: “Estamos surpreendidos. Trata-se de um rompimento unilateral. Nós, a Frelimo, um partido de paz e de diálogo, continuamos abertos ao diálogo como um fator fundamental na manutenção de um clima de paz e harmonia social.”
Para a Frelimo, a única alternativa ao diálogo é o próprio diálogo e o partido apela aos moçambicanos para se distanciarem de quaisquer manifestações que atentem contra a ordem e segurança, “porque a violência gera a violência, ceifa vidas humanas, paralisa o país, semeia dor, o luto, destrói infraestruturas e cria anarquia e caos social e só prejudica os cidadãos”, sublinha Edson Macuácua.
Entretanto, a Renamo, por razões estratégicas, não anunciou a data das manifestações, mas garantiu que elas vão ocorrer em todo o país.
Autor: Romeu da Silva (Maputo) / Guilherme Correia da Silva
Revisão: António Rocha