1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Rebeldes querem segunda revolução na Líbia

14 de dezembro de 2011

Na Líbia a situação política interna está a agravar-se de dia para dia face ao descontentamento de boa parte dos que lutaram contra o regime de Muammar Kadhafi. Estará o país à beira de uma segunda revolução?

https://p.dw.com/p/13SYU
Men chant slogans during a protest in Benghazi, Libya, Monday, Dec. 12, 2011. Arabic writing on the banner, right, reads "Libyan youth will protect the revolution, Feb. 15" (Foto: Ibrahim Alaguri/AP/dapd)
As manifestações atuais na Líbia dirigem-se contra o Conselho Nacional de TransiçãoFoto: dapd

Na terça-feira (13.12), na cidade de Benghazi, no leste do país, onde começou a arder o rastilho da revolução líbia, um expressivo grupo de manifestantes, fez ouvir a sua voz contra o Conselho Nacional de Transição (CNT). Um sinal de que os jovens rebeldes líbios estão longe de satisfeitos com a morte do ex-ditador, com o fim da sangrenta guerra civil e com os novos homens fortes do país.

No mesmo local onde, em 15 de fevereiro, se realizou a primeira manifestação contra o então todo-poderoso coronel Kadhafi, na praça Al-Chajara, na segunda (12.12) e na terça-feira, revolucionários líbios descontentes e frustrados com a atual situação política no país, mostraram os dentes ao governo provisório. Mais de cinco mil gritaram "abaixo o novo regime!" Pela primeira vez desde a queda de Kadhafi, o novo poder foi contestado em dois protestos públicos.  

23/08/2011 ; TRIPOLI ; LIBYA - La prise de Bab al Azazia, bunker du Colonel Mouammar Kadhafi, par les rebelles. Le quartier general des forces loyalistes a ete investi par les insurges dans le milieu de l'apres midi apres des combats rapproches. Last assault on Bab al Azizia the Gaddafi compound by rebels. Rebels fighters entered Gaddafi headquarter in the middle of the afternoon after street fighting, in Tripoli on August 23, 2011.
O desarmamento dos rebeldes avança a passo de caracolFoto: picture alliance / dpa

Prioridade para os rebeldes

Mustapha Djalil, líder do Conselho Nacional de Transição, foi um dos principais alvos dos opositores, após ter afirmado, na semana passada, que a Líbia deve perdoar os apoiantes de Kadhafi, que combateram o movimento revolucionário. “O caminho certo”, disse Djalil, “exige unidade e rejeita ruturas. Para construirmos o nosso futuro devemos optar pelo compromisso e pela tolerância.”

Os organizadores da manifestação contra o CNT dizem que não estão contra Mustapha Djalil, mas sim contra membros da Comissão que classificam de corruptos. Por outro lado, acusam o CNT de falta de transparência sobre as suas atividades e sobre os membros que o integram. Os manifestantes anti-CNT exigem que as reformas deem prioridade aos ex-rebeldes e aos feridos e estropiados que combateram o ex-regime. Por outro lado, querem que os membros do CNT não participem nas eleições legislativas marcadas para 2012.

epa03032029 Libya's National Transitional Council (NTC) chairman Mustafa Abdul Jalil speaks during a press conference In Tripoli, Libya, 12 December 2011. Reports stated that hundreds of Libyans gathered in Benghazi, eastern Libya, to protest against Abdul Jalil and the NTC, calling for more transparency and the trial of former regime_s officials. EPA/SABRI ELMHEDWI
O presidente do Conselho Nacional de Transição, Abdul Djalil, promete transparênciaFoto: picture-alliance/dpa

Jovens rebeldes sentem-se marginalizados

Em declarações que prestou à Deutsche Welle, Andreas Dittmann, professor e especialista em questões líbias da Universidade de Gießen, na Alemanha, falou sobre o que pode desencadear uma segunda revolução na Líbia: "São jovens idealistas do leste do país, entre os quais muitas mulheres, que começaram esta revolução e a fizeram avançar”.

Após assumir o poder, o governo provisório afastou estes jovens do processo governativo e escolheu políticos seniores. Segundo Dittmann: “Alguns deles já tinham assumido cargos governativos durante o regime de Kadhafi. Se estes jovens continuarem a sentir-se marginalizados pelo governo líbio não é de excluir a possibilidade de uma segunda revolução.”

Conselho Nacional de Transição promete transparência

A questão agrava-se ainda mais quando existem confrontos entre milícias rivais. Durante o fim de semana (10.12 e 11.12), houve uma troca de tiros entre ex-combatentes rebeldes e elementos do novo exército líbio. Na passada segunda-feira, houve noticia de outros confrontos armados a sul da capital, Trípoli. Para o professor Dittmann, a questão é preocupante e exige medidas sensatas e eficazes: "É fundamental que daqui não resulte uma situação de caos pós-revolucionário. É preciso proceder à desmobilização e desarmamento da população civil”. Dittmann acrescenta ser “muito importante” para o futuro da nova Líbia que a responsabilidade das decisões não seja imposta do exterior, “mas antes que seja atribuída aos líbios”.

O Conselho Nacional de Transição líbio reagiu às manifestações da oposição prometendo transparência sobre as atividades e a sua composição do Conselho e pediu "paciência" aos descontentes.  Resta saber se a juventude rebelde líbia está disposta a acalmar os ânimos dando ao país o benefício do tempo e aos políticos o beneficio da dúvida.

Protests by workers at Waha Oil (one of the state-owned subsidiary companies) outside the Prime Ministers office in Tripoli, taken by Zara Rahman in October 2011. Rechteeinräumung: Hiermit räume ich der Deutschen Welle das Recht ein, die von mir bereitgestellten Bilder zeitlich, räumlich und inhaltlich unbeschränkt zu nutzen. Ich versichere, dass ich die Bilder selbst gemacht habe und dass ich die hier übertragenen Rechte nicht bereits einem Dritten zur exklusiven Nutzung eingeräumt habe. Sofern ich das hiermit zugesandten Bilder nicht selbst gemacht, sondern von einem Dritten, dem o.g. Fotografen, zugeliefert bekommen habe, versichere ich, dass mir dieser Dritte die zeitlich, räumlich und inhaltlich unbeschränkten Nutzung auf der Internet Plattform DW-WORLD.DE übertragen hat und mir schriftlich versichert hat, dass er das/die Bild/er selbst gemacht und die Rechte hieran nicht bereits Dritten zur exklusiven Nutzung eingeräumt hat: Zara Rahman.
Para além dos ex-rebeldes, também os trabalhadores, por exemplo, da empresa estatal Waha Oil, protestam contra a situação no paísFoto: Z. Rahman

Autores: Monika Dittrich/Pedro Castro
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha