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ConflitosRepública Democrática do Congo

RDC: Manifestantes atacam embaixadas em Kinshasa

Lusa
28 de janeiro de 2025

Várias embaixadas, incluindo a do Ruanda, foram atacadas em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, num momento em que a ONU alerta para o risco de mortes por fome em Goma, palco de violentos confrontos.

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Confrontos entre manifestantes e a polícia em frente à embaixada da França
Várias embaixadas foram atacadas em Kinshasa, capital da República Democrática do CongoFoto: Samy Ntumba Shambuyi/AP/picture alliance

Os ataques às embaixadas do Ruanda, França, Bélgica, Estados Unidos, Uganda e Quénia foram realizados por manifestantes, quando os rebeldes avançam no leste do país, segundo fontes diplomáticas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, qualificou de "inaceitáveis" os ataques, adiantando que os manifestantes "incendiaram o edifício". O chefe da diplomacia francesa escreveu na rede social X que tudo está a ser feito para assegurar a segurança do pessoal. 

Por sua vez, a ONU alertou, através do Programa Alimentar Mundial, para a falta de alimentos na cidade de Goma, precisamente onde se verificam há seis dias violentos combates em áreas residenciais entre o grupo rebelde M23 e as forças armadas congolesas.

A situação só pode piorar nas próximas horas com o encerramento do aeroporto de Goma e o bloqueio das principais vias de acesso, afirmou a porta-voz da agência, Shelley Thakral, a partir de Kinshasa.

Estima-se que pelo menos uma em cada quatro pessoas em Goma corre o risco evidente de morrer de fome se a situação não for desbloqueada.

Abastecimentos em risco

Numa série de audições sobre a situação na RDCongo, foi também referido que, desde segunda-feira, o abastecimento de água e eletricidade está em risco, tendo-se verificado uma interrupção total do acesso à Internet nesta que é considerada a principal do leste do país com cerca de dois milhões de habitantes.

A ONU teve de retirar temporariamente o seu pessoal de operações não essenciais e o PAM foi obrigado a suspender as entregas de alimentos à população devido à escalada da violência. "Regressaremos o mais rapidamente possível", declarou Shelley Thakral.

Por sua vez, o porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Jens Laerke, afirmou que os combates são muito intensos e que há muitos cadáveres nas ruas de Goma. Laerke acrescentou ainda que há relatos de violência sexual perpetrada pelos combatentes, bem como de pilhagem de propriedade privada, hospitais e armazéns com bens humanitários.

Confrontos entre manifestantes e polícia em frente à embaixada da França
O PAM foi obrigado a suspender as entregas de alimentos à população devido à escalada da violênciaFoto: Samy Ntumba Shambuyi/AP/picture alliance

De acordo com testemunhos de equipas médicas, os hospitais estão a receber uma vaga crescente de feridos.

Improvisar cuidados médicos

Patrick Youssef, diretor para África do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), deu conta de "tiroteios em zonas com muitos habitantes", referindo que foi observada a utilização de artilharia pesada em zonas densamente povoadas, bem como contra campos de deslocados.

De acordo com a ONU, os acampamentos que continham pelo menos 300 mil pessoas deslocadas "foram esvaziados em poucas horas" na sexta-feira, uma vez que os combates se aproximavam rapidamente e que ataques como os relatados eram previsíveis.

O responsável referiu, neste contexto, que um dos hospitais que o CICV apoia com equipamento e material médico recebeu uma centena de feridos em 24 horas, um número semelhante ao recebido mais de um mês antes do início destes novos combates. Por isso, foi necessário improvisar uma área de cuidados médicos no parque de estacionamento.

De recordar que Goma é palco de combates entre as forças armadas congolesas e os combatentes do M23 aliados às tropas do Ruanda. O M23 e os soldados ruandeses entraram no domingo à noite na cidade de mais de um milhão de habitantes. A operação ocorreu no final de um avanço relâmpago de várias semanas lançado após o fracasso, em meados de dezembro, da mediação de Angola entre a RDCongo e o Ruanda.

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