Raptos em Moçambique: Ajuda internacional será a solução?
31 de janeiro de 2024Não há nenhuma ação ou estratégia que trave os raptos em Moçambique. A Confederação das Associações Económicas (CTA) voltou a reunir-se, esta quarta-feira (31.01), para procurar soluções para combater o problema.
Desta vez, os empresários ponderam virar-se para países com capacidade técnica para o efeito. É uma ideia que está a avançar nos círculos empresariais.
"Quando falamos de ajuda, pensamos mesmo na cooperação internacional, tendo em conta que outros países já viveram esta situação e já trabalharam nela", explica Zuneid Calumia, um dos porta-vozes do encontro.
Polícia sem reação
A proposta de interação com outros países surge no seguimento da fraca resposta da polícia moçambicana, afirmam os empresários. Há mesmo casos de raptos que ocorrem perto de esquadras e unidades de patrulha nas ruas, sobretudo da cidade de Maputo.
"Existe uma grande preocupação na resposta e, em alguns casos de sequestros, a polícia estava a uns metros e não teve reação", critica Calumia. "A população em algum momento teve melhor reação do que a própria polícia e, de facto, é uma preocupação".
O analista Wilker Dias entende que a polícia-patrulha, que devia prevenir a ação dos malfeitores, assiste aos raptos à luz do dia porque não tem amor à profissão.
"Hoje em dia, a maior parte das pessoas que adere às fileiras [da corporação], hoje, não é porque tem amor pela pátria, não", considera. "Se formos a ver, acabamos percebendo que é pela questão da empregabilidade, porque acabam não tendo nenhuma saída no ramo financeiro. É o que tem propiciado a existência desses fatores".
Onde está a brigada anti-raptos?
O Governo moçambicano prometeu criar uma brigada anti-raptos, mas, até então, nada está a ocorrer no terreno. Adelino Buque, outro porta-voz da reunião da CTA, exige ao Executivo que cumpra a sua promessa, garantindo que esta é "uma exigência que o setor privado vai fazer".
"Apesar de ainda não ter saído uma resolução em relação a este encontro, posso adiantar, seguramente, que o setor privado exige que a brigada anti-raptos seja operacionalizada", sublinha.
O analista Wilker Dias diz que a brigada deve existir, mas de forma independente, "sem estar conectada ao Ministério do Interior ou da Defesa. Deveria criar-se uma outra entidade anexa ao Ministério Público ou da Justiça, mas fora do ramo policial".