Protestos prejudicam turismo moçambicano? Há várias opiniões
22 de novembro de 2024O Ministério da Cultura e Turismo deMoçambiquequeixou-se que, por causa dos protestos pós-eleitorais no país, mais de 8.100 reservas turísticas foram canceladas em duas províncias moçambicanas –Inhambane e Maputo. Os prejuízos seriam na ordem dos 2,9 milhões de meticais (mais de 43 mil euros).
Contactados pela DW, os empresários em Maputo dizem que sim, sentiram o impacto da onda de manifestações. Já em Inhambane não terá sido bem assim.
Como foi em Maputo?
Os protestos violentos pós-eleitorais têm sido maus para oturismo em Moçambique, constaram o Ministério da Cultura e Turismoe também a Confederação das Associações Económicas (CTA) em Maputo.
Na sequência das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane em repúdio aos resultados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que atribuem à FRELIMO a vitória naseleiçõesgerais de outubro, tem também havido pilhagens, vandalização de lojas e bens públicos. E isso afasta os turistas, afirma Mahommad Abdullah, presidente do pelouro de Turismo, Hotelaria e Restauração da CTA.
"Infelizmente, com a onda das manifestações que, em algum momento, se tornaram violentas, e com aquelas ameaças que pairavam no sentido das pessoas não poderem sair de casa, o setor do turismo foi naturalmente afetado. Houve alguns cancelamentos e vários pedidos de informação sobre as reservas", explicou.
Questionado pela DW, Abdullah não detalhou números. Apesar dessa retração no setor, ele espera melhorias em breve.
Lojas e instituições públicas voltaram a abrir as portas; a normalidade está a regressar, ainda que lentamente. E os visitantes começam a sentir-se mais seguros: "Com o serenar das coisas e os últimos pronunciamentos das partes envolvidas, começa a se sentir agora alguma retoma, não das reservas, mas na confiança para fazer turismo e continuar com as atividades que estavam previstas."
"Se a situação se mantiver serena como nos últimos dias, esse é um indicador positivo para o turismo", conclui.
Qual é a situação de Inhambane?
A situação é diferente em Inhambane. Yassin Amuji, presidente da Associação de Turismo na província, diz que não notou a quebra constatada pelo Ministério. À DW, Amuji diz que as estâncias turísticas estão a funcionar normalmente, mesmo com as manifestações.
"Nós não temos sentido um impacto muito grande, tanto que o número de reservas continua a crescer. Para o fim do ano, estamos totalmente cheios. No entanto, há sempre questionamentos quando as agências de viagens acompanham nas notícias o que está a acontecer em Maputo e ficam preocupadas e pensam que isso tem estado a se refletir em todo país."
As estâncias turísticas não estão no coração dos protestos, acrescenta Amuji.
"Vilanculos tem uma particularidade de ter um aeroporto internacional. "ós temos dois voos por dia, de Joanesburgo, o que facilita que muitos turistas aterrem em Vilanculos." Os turistas vão diretamente doaeroporto para a praia, sem passar pelos protestos.