Produtores de chá na Zambézia pedem apoio ao Governo
24 de novembro de 2015
Gurué é uma região de chá. É aqui que se encontram as maiores plantações de chá de Moçambique. No entanto, os produtores dizem que o negócio está comprometido: falta energia eléctrica nas fábricas de processamento de chá e há péssimas vias de acesso para escoar o produto.
“Estamos um pouco apreensivos”, diy Amed Aly, da empresa Chazeira de Moçambique. “Como nós exportamos, a desvalorização do metical está a ajudar-nos a manter estas empresas, embora com deficiência”, explica Aly, acrescentando que “não faz sentido o chá ter que pagar IVA, porque isso traz uma série de desvantagens”.
“Os nossos rendimentos são bastante baixos. O nosso método de trabalho está ultrapassado, trabalhamos áreas que já sofreram, o que significa que a densidade inicial diminuiu bastante”, conclui.
Em resumo, o chá está a perder qualidade e os rendimentos das empresas são baixos. O chá produzido em Gurué está a ser menos consumido no país. Muitos moçambicanos preferem comprar o chá importado da África do Sul, que fica mais barato em relação ao chá nacional, principalmente o de Gurué.
Os produtores culpam o Governo moçambicano. Segundo eles, os governantes parecem ter pouco interesse em tornar esta cultura rentável.
Produtores pedem ajuda concreta
“Gostaríamos de ver qual é a possibilidade de o Governo apoiar os produtores nestas áreas de re-plantio, de aumento das áreas de produção e a substituição das próprias áreas que estamos a explorar, neste momento. Foram concedidas há 40 ou 50 anos”, explica Amed Aly. “Mesmo a própria tecnologia já está ultrapassada e isso traz desvantagens quando vamos para um mercado internacional”, considera o empresário.
Recentemente, o ministro da Agricultura de Moçambique, José Pacheco, visitou as chazeiras e disse que o Executivo tudo fará para que o chá de Gurué volte a ser reconhecido como nos tempos antigos.
“Quero que os nossos produtores possam ter acesso aos meios e factores de produção em quantidade e qualidade suficientes para que tenham altos níveis de produtividade e para que o nosso país ocupe o seu espaço de direito como um dos países produtores de comida e não só”, diz José Pacheco, sublinhando que “este Governo está comprometido com a produção agrária”.
Ravi Singi, outro empresário e produtor do Chá Magoma, em Gurué, pede ao Governo medidas concretas para impulsionar a produção na região. Singi diz que os produtores investem muito dinheiro para pôr as firmas em funcionamento, mas, em contrapartida, não há lucros. “Há mais vantagens em exportar o chá do que em vender localmente”, conclui.
Vários produtores estão a substituir o chá pela macadâmia, uma espécie de amêndoa usada para a produção de chocolates.