Corrupção: Presidente do parlamento sul-africano demite-se
3 de abril de 2024"Dada a gravidade das acusações divulgadas contra mim, não posso continuar nesta função", informou Nosiviwe Mapisa-Nqakula em comunicado. "A minha demissão não é de forma alguma uma indicação ou admissão de culpa em relação às acusações feitas contra mim", sublinhou ainda no documento, no qual explica que se demitiu para defender a "integridade" do parlamento sul-africano.
"Tomei esta decisão consciente para dedicar o meu tempo e foco para lidar com a investigação recentemente anunciada contra mim pelas agências de aplicação da lei do nosso país", justificiou a líder parlamentar e membro do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul desde 1994.
"Dada a gravidade das acusações divulgadas contra mim, não posso continuar nesta função. Como principal legisladora de um país, tenho a responsabilidade central de proteger e preservar a integridade do parlamento", afirmou no comunicado hoje divulgado à imprensa.
A carta de demissão foi submetida hoje ao presidente interino da Assembleia Nacional, Lechesa Tsenoli. O ANC também já confirmou que a carta de Mapisa-Nqakula "foi oficialmente recebida".
De que é acusada?
Na terça-feira (02.04), o Tribunal Superior de Gauteng, em Pretória, rejeitou um recurso urgente da líder do parlamento, para impedir a sua detenção num caso de alegada corrupção pública.
Nosiviwe Mapisa-Nqakula foi implicada em alegações de suborno, que remontam ao tempo em que era ministra da Defesa. A questão foi levantada pela primeira vez no parlamento em 2021, pelo líder do Movimento Democrático Unido (UDM), Bantu Holomisa, da oposição.
Enfrenta alegações de corrupção de mais de 2,3 milhões de rands (112 mil euros) em alegados subornos em contratos da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF) quando desempenhou o cargo de ministra da Defesa entre 2012 e 2021, segundo a imprensa local.
Oposição aplaude demissão
O partido da oposição Aliança Democrática (DA) já aplaudiu a demissão da presidente do parlamento. "Há muito que apelamos a esta demissão quando foram levantadas acusações de corrupção e branqueamento de capitais contra ela", reagiu o DA em comunicado.
O maior partido da oposição na Assembleia Nacional sul-africana sublinhou que "qualquer pessoa que ocupe este alto cargo deve ser irrepreensível", acrescentando que "a senhora Mapisa-Nqakula não é adequada para isso".
"Embora não possamos apresentar a moção de censura contra ela ou prosseguir com o caso no Comité de Ética, acreditamos que as agências de aplicação da lei devem agora agir com rapidez para concluir o caso", instou a oposição sul-africana.
O ANC enfrenta nos últimos anos acusações de corrupção, desemprego e a quase falência das empresas públicas. De acordo com as sondagens, o partido no poder poderá perder pela primeira vez a maioria absoluta no parlamento e ser forçado a formar um Governo de coligação nas eleições gerais de 29 de maio.