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PolíticaNíger

Presidente da Nigéria tenta evitar intervenção no Níger

Lusa | AFP
25 de agosto de 2023

Bola Tinubu diz estar a "gerir uma situação muito espinhosa" e garante que se a CEDEAO se afastar "outras pessoas reagirão". Organização reforça que ainda "não é tarde demais" para golpistas reconsiderarem a sua posição.

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Ecowas-Treffen in Nigeria | Bola Tinubu
Foto: Gbemiga Olamikan/AP/dpa/picture alliance

O Presidente da Nigéria e chefe rotativo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Bola Ahmed Tinubu, garantiu que está a tentar "controlar" o bloco para evitar uma intervenção militar contra a junta golpista no Níger.

"Ainda esta manhã recebi uma vaga de telefonemas sobre os preparativos dos países [da CEDEAO] com os respetivos exércitos e as contribuições possíveis. Mas disse-lhes para esperarem", afirmou Tinubu, segundo um comunicado emitido pela presidência nigeriana esta quinta-feira. 

"Estou a gerir uma situação muito espinhosa", afirma Tinubu, garantindo que, se a CEDEAO se afastar, "outras pessoas reagirão", sem dar mais pormenores.

A presidência nigeriana emitiu a declaração depois de Tinubu se ter reunido na quinta-feira com um grupo de clérigos muçulmanos destacados, a quem pediu para voltarem a falar com a junta golpista do Níger e tentar convencê-la a abandonar o poder.

Nigeria Abuja | ECOWAS-Treffen zu Niger-Putsch
Encontro da CEDEAO em AbujaFoto: Gbemiga Olamikan/AP/picture alliance

Os líderes religiosos deslocaram-se ao Níger no passado dia 19 e persuadiram a junta militar a receber em Niamey uma delegação da CEDEAO chefiada pelo antigo chefe do Estado-Maior nigeriano Abdulsalami Abubakar, visita que até então a junta tinha recusado.

Também em declarações, esta sexta-feira, o presidente da comissão da CEDEAO, Omar Alieu Touray, afirmou que "não é demasiado tarde" para a junta responsável pelo golpe reconsiderar a sua posição.

"Mesmo agora, ainda não é tarde demais para os militares reconsiderarem a sua ação e ouvirem a voz da razão, uma vez que os líderes regionais não vão tolerar um golpe de Estado", disse Omar Alieu Touray, aos jornalistas em Abuja.

Apoio dos EUA

Entretanto, Washington fez saber que a secretária de Estado Adjunta dos Estados Unidos (EUA) para África inicia, esta sexta-feira (25.08), uma digressão pela Nigéria, Chade e Gana.

Molly Phee vai reunir-se com chefes de Estado regionais para discutir o apoio dos EUA à CEDEAO e à liderança regional na resposta à crise no Níger", anunciou o Departamento de Estado em comunicado. 

Em todo os contactos estarão em foco "os objetivos comuns de preservar a democracia duramente conquistada no Níger e conseguir a libertação imediata do Presidente Mohamed Bazoum, da sua família e dos membros do seu Governo detidos injustamente", lê-se no comunicado.

"Há uma fatiga africana do discurso ocidental moralista"

A número dois da diplomacia norte-americana está também a consultar altos funcionários no Benim, Costa do Marfim, Senegal e Togo, anunciou Washington, enfatizando o seu apoio "à posição de princípio tomada pela CEDEAO em defesa da democracia e da ordem constitucional".

Divisões

Uma intervenção militar regional contra a junta, que tomou o poder pelas armas no Níger no passado dia 26 de julho, está em cima da mesa desde 30 de julho, anunciada então pelos chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, que manifestam, não obstante, continuar empenhados no diálogo para resolver a crise.

Até à data, a junta militar em Niamey não só ignorou as ameaças como nomeou um novo primeiro-ministro e formou um Governo de transição, avisando que o uso da força será objeto de uma resposta "imediata" e "enérgica".

Uma eventual ação militar dividiu a região, com os governos da Nigéria, Benim, Costa do Marfim e do Senegal a confirmarem a disponibilidade dos seus exércitos para intervir em território nigeriano.

Niger Niamey | Protest gegen Sanktionen
Junta militar em Niamey tem ignorado ameaças da CEDEAOFoto: Balima Boureima/REUTERS

No outro extremo, Mali e Burkina Faso, vizinhos do Níger e ambos governados por juntas militares que também tomaram o poder pela força, opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer intervenção no Níger equivaleria a uma declaração de guerra também contra eles. 

O Chade, a Guiné-Conacri, a Argélia e Cabo Verde rejeitaram igualmente a intervenção militar, e defendem que a solução deve ser encontrada através do diálogo.

Do mesmo modo, a União Africana manifestou-se contra a possibilidade de uma intervenção militar, mas suspendeu o Níger como membro da organização até ao restabelecimento efetivo da ordem constitucional.

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