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Preços disparam na Nigéria após terem sido cortadas subvenções aos combustíveis

4 de janeiro de 2012

Fim dos subsídios aos combustíveis desencadeia onda de protestos na Nigéria. Em Lagos, o povo saiu à rua terça-feira (03.02) para protestar. Governo justifica decisão com necessidade de reduzir custos orçamentais.

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Manifestação em Lagos terça feira (03.02). Os manifestantes encerraram bombas de gasolina e impediram a circulação de veículos
Manifestação em Lagos terça feira (03.02). Os manifestantes encerraram bombas de gasolina e impediram a circulação de veículosFoto: Reuters

O fim das subvenções aos combustíveis entrou em vigor na Nigéria, no dia 1 de janeiro, na sequência de uma decisão tomada pelo governo de Goodluck Jonathan justificada pela necessidade de cortar em mais de 8.000 milhões de euros os custos orçamentais associados.

Segundo a agência LUSA, em comunicado, o governo nigeriano informou que os fornecedores do setor petrolífero deverão vender os produtos de acordo com o preço de referência, a ser publicado pela Agência de Regulação dos Preços dos Produtos Petrolíferos da Nigéria.

O executivo nigeriano argumenta que o setor energético está desregulado. Alguns economistas defendem que a supressão desta despesa permitirá melhorar as infraestruturas do país.

Sindicatos abrem hostilidades

O vice-presidente do Congresso dos Trabalhadores da Nigéria , Isa Aremu, dirigiu-se aos descontentes abrindo as hostilidades contra o Presidente nigeriano.

Protestos populares em Lagos, na terça feira (03.02). Centenas de cidadãos descontentes incendiaram pneus para contestar a duplicação do preço dos combustíveis provocada pelo fim dos subsídios estatais.
Protestos populares em Lagos, na terça feira (03.02). Centenas de descontentes incendiaram pneus para contestar a duplicação do preço dos combustíveis provocada pelo fim dos subsídios estataisFoto: Reuters

"O congresso dos trabalhadores da Nigéria e o Congresso para a União do Comércio vão se reunir amanhã e a mensagem é clara: queremos saber quem é o país? Quem é dono do país? Vocês ou o Jonathan? Nós agora vamos enviar esta mensagem aos líderes", disse num tom fortemente emocional.

As centenas de pessoas que marcharam por uma das principais avenidas de Lagos, a capital económica do país, exibiam cartazes contra o governo e marcharam a partir dos escritórios da confederação sindical, em Yaba, para a sede do governo em Ikeja.

Alguns manifestantes faziam pequenas fogueiras nas estradas para parar o transito e distribuiam panfletos aos motoristas. A esta manifestação pacífica associou-se a Joint Action Front (JAF), uma organização de defesa dos interesses da sociedade civil.

Amadou Adiniyi, membro de uma ONG local, discursou na ocasião e anunciou que “ "esta ação é apenas a primeira de muitas que irão acontecer”.

“Temos de nos unir usando também o Facebook. Goodluck Jonathan passará a ser Badluck Jonathan", disse ironicamente Adiniyi ironizando com o nome do Presidente.

Greve geral em perspectiva

Os protestos contra a subida dos preços de combustível começaram na segunda-feira (02.02) em Abuja, a capital política do país. A polícia usou gás lacrimógeneo para dispersar uma manifestação pacifica. Sete pessoas foram detidas, incluindo o antigo membro do Parlamento, Dino Melaye.

Plataforma de exploração de petróleo offshore, na costa da Nigéria
Plataforma de exploração de petróleo offshore, na costa da NigériaFoto: AP

Espera-se que o resultado do encontro entre o Congresso Nacional da Nigéria e o Congresso da União do Comércio se salde pela convocação de uma greve geral contra o fim dos subsídios aos produtos energéticos. Entretanto, o governo anunciou que criou duas comissões para dialogar com os sindicatos.

A Nigéria, que é o maior produtor de petróleo de África, importa combustível já refinado para consumo interno porque as suas refinarias funcionam abaixo das suas capacidades, devido à escassez de manutenção dos equipamentos e de outras infraestruturas de refinação.

Autor: Nádia Issufo/Pedro Varanda de Castro
Edição: António Rocha /Helena Ferro de Gouveia